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Historiador ou Poeta? Definindo o Eixo da narrativa
(Pablo Silva Machado Bispo dos Santos)

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Este resumo consiste na apresentação de um trabalho de autoria de Pablo Silva Machado Bispo dos Santos, publicado no II Encontro de Pós-Graduandosem Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Com a preocupação de indicar ao leitor o caminho de investigação que busco trilhar, recorro a duas citações que me parecem emblemáticas no tocante à discussão a respeito da (im)possibilidade de uma descrição da realidade histórica, e da (não menos impossível) construção abstrata do objeto histórico, aventada mediante a crença na possibilidade da construção de uma narrativa histórica imaginada. Ao partir da análise das duas citações que se seguem, me posiciono em relação às duas perspectivas colocadas frente a frente (a do poeta e a do historiador,ou, narrador dos fatos), de forma a tentar demonstrar como me posiciono em relação a esta discussão. A primeira citação é a seguinte: A diferença entre o historiador e o poeta é a seguinte: o historiador conta os fatos como foram e o poeta, como estes deveriam ter sido. Entende-se que embutida nesta diferenciação realizada por Aristóteles, está a idéia de que seria possível descrever com fidelidade absoluta os fatos, que, seguindo esta linha de raciocínio poderiam ser contados de maneira absolutamente neutra por parte do historiador, o qual não interviria de forma alguma com suas posições pessoais, filosóficas e/ou políticas a respeito do fato após este ter sido descoberto (e não construído). Imaginando que fosse possível retratar absolutamente um fato, seria necessário que admitíssemos ao menos que, esta tarefa, ainda que não fosse impossível seria extremamente difícil, pois como registrar absolutamente algo que emergiria absolutamente e espontaneamente da realidade[1] tendo posse somente de cinco sentidos (o que acarreta portanto, condições limitadas de percepção da realidade) e meios de linguagem incompletos para reproduzir amplamente um fato histórico e seu contexto. Contrapondo-se a esta perspectiva, na qual o eminente filósofo grego da antiguidade parte do pressuposto de que seria possível contar os fatos como foram, Gaston Bachelard[2], retomando a discussão a respeito da diferença entre poetas e historiadores afirma que: Nunca somos verdadeiros historiadores, somos sempre um pouco poetas. Nesse sentido, cabe indicar que, se na perspectiva de Aristóteles, o historiador teria diante de si uma tarefa muito difícil, na perspectiva apontada por BACHELARD, a tentação de realizar um esforço puramente poético ao empreender um estudo de caráter histórico acaba por se mostrar igualmente desviante de uma narrativa que se remeta de alguma maneira à realidade, podendo até mesmo ir de encontro à coerência e à lógica necessárias para a elaboração de um estudo de caráter científico. Há que se destacar que este autor afirma que somos sempre um pouco poetas, mas se for tomado em conta o quanto este pouco vem a influenciar, na construção de uma narrativa histórica, podemos ser levados a crer que, há também o enorme risco de se ficar preso à imaginação de um evento, sem que este tenha sido de alguma forma vivenciado concretamente, afastando-se desta maneira de qualquer referência ao real. Qual seria então a chave deste enigma? Parto da premissa de que esta questão pode ser aclarado ao relativizar a medida segundo a qual o historiador pode ser entendido como tendo a ver com esta dimensão poética que Gaston Bachelard lhe atribui. Deste modo, entendo que este pouco refere-se ao esforço de trabalhar com criatividade as fontes e os aportes teóricos, no sentido de ordena-los e utiliza-los de maneiras não mecânicas ou repetitivas quando se tratar da elaboração de objetos/técnicas de pesquisa, o que teria como efeito tornar a narrativa construída o mais próximo possível de uma versão verossímil e coerente a respeito das especificidades do objeto de estudo que se pretende examinar. Assim, torna-se muitoimportanteindicarque preocupo-me emnãoestarpreso a nenhuma das duas categorias de historiadores presentes nas citações destes doisautores, massobretudo, tentomeposicionar de modo a dialogarcomestesdoismovimentosque considero fundamentais na construção de uma narrativahistórica, quais sejam os de: ir à realidade e procurarcaptarpelos sentidos (e técnicas de pesquisaquelhes servem como aporte) o que for possível desta realidade, e, interpretaraquiloque foi apreendidosensorialmente, tendo emvista a posiçãoteórica adotada, realizando desta maneiraumdiálogocontínuoentreteoria e empiria, o qual deve necessariamente se voltarpara o entendimento do comportamento de objetossegundo as suasrelaçõesparticularescom o eixo espaço-tempo. [1] A esse respeito, concordo com CURY (1993), quando afirma que a categoria de totalidade seria indissociável da idéia de verdade e que, devido às limitações sensoriais, mas também racionais inerentes à condição humana, não poderia ser apreendida como tal em um plano que não fosse o plano intelectual, no qual este conceito se constitui em categoria e, portanto em padrão de ordenação da realidade, assim, pode-se concluir que é possível pensar na idéia de totalidade (e, portanto na de verdade) tendo em vista que esta será uma idéia que deve sempre ser relativizada tendo em vista as condições de apreensão da realidade, as quais incluem as configurações do real percebidas pelo sujeito e o próprio aparato de percepção de que ele dispõe para realizar este mister.[2] BACHELARD, Gaston. A Poética do Espaço. São Paulo, 2001: Martins Fontes



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