Resumo de Espelhos, Somos Todos Espelhos!

Você já ouviu falar na palavra “solitude”? Se buscarmos no dicionário o significado para esta palavra, encontraremos como resposta ser um sinônimo de “solidão”, que significa “o estado de quem vive só”.Para mim, no entanto, estas duas palavrinhas têm significados bastante diferentes. Por solidão, entendo ser o estado de quem vive só, e mal com este estar só, na busca desenfreada por encontrar uma companhia, na busca de alguém que venha a suprir suas angústias, suas ansiedades, seus medos, seus “buracos existenciais”. Já a solitude, é o estado de quem está só, no entanto, e apesar disto, vive bem consigo mesmo. Caso apareça alguém, sente-se feliz por compartilhar, caso não apareça, sente feliz com seu próprio estado.Devemos fazer um movimento, em nossas vidas, do primeiro para o segundo, uma vez que o caminho de nossa existência nos propicia, ora estarmos sozinhos, ora estarmos acompanhados. A questão principal deve ser de que maneira estaremos em um ou em outro, uma vez que podemos perfeitamente estar nos sentindo solitários, seja sozinho, seja acompanhados de uma centena de pessoas ao nosso redor.Enfim, por que tanto medo de estar sozinho? A resposta, a mais simples possível, é que independentemente de estarmos sozinhos ou acompanhados, sempre, em todos os momentos, estaremos olhando para nós mesmos! No entanto, ao estarmos sozinhos, não temos a quem responsabilizar, senão a nós mesmos.O exemplo mais claro do que estou dizendo é o momento que encontramos aquela pessoa especial, nosso par perfeito, a tampa da nossa panela. Vínhamos tristes dentro de nossa solidão e de repente tudo muda e o mundo passa a ser maravilhoso e viver é a coisa mais fantástica que poderia nos acontecer. Não que antes não fosse, mas agora faz sentido. E diante de nós está o objeto de nossa paixão, alguém finalmente pronto para receber todo o amor represado. Alguém perfeito, que sabe escutar, falar ou calar na hora certa, da altura certa, peso exato, cor e corte de cabelo do jeitinho que sempre sonhamos, enfim, “tudo de bom”. Deus não poderia ter proporcionado um ser mais perfeito e agora sim, a plena certeza de que Deus existe mesmo. Passam-se três ou quatro meses e a pessoa começa a fazer algumas coisas que desagradam, começam a aparecer alguns defeitinhos que não haviam sido percebidos, as palavras já não são assim tão apropriadas... e chega então a velha pergunta; “Será que fui enganado?”Não, foi você que se enganou! Aquela pessoa sempre esteve ali, do jeitinho que ela é, como você está apenas começando a ver. O que você via antes era simplesmente fruto do seu desejo, que perdura por três ou quatro meses, que se chama paixão. Você estava vendo apenas uma projeção dos seus planos, dos seus sonhos. Depois disto, a pessoa passa a ser para você não mais uma tela de projeção, mas um espelho, onde você vai ver refletidas coisas que o remetem para si próprio e o que te incomoda naquela pessoa, nada mais é que tuas coisas que incomodam a ti próprio. E então você termina aquela relação que não te satisfaz pois como você poderia ficar ao lado de uma pessoa com tantos defeitos...Mais uma vez sozinho e a solidão te força a encontrar outro alguém, e tem que ser rapidinho, antes que você olhe para o espelho e perceba que os defeitos daquela pessoa que você mandou embora estão todos ali, refletidos naquele espelho.Quantos de nós, que muitas vezes até mudamos de país, deixamos para trás algumas questões, problemas e pessoas e, ao chegar na nova morada, passando-se a fase da “paixão” começaram a se deparar com as mesmas questões, os mesmos problemas, os mesmos tipos de pessoas que ficaram para trás?Portanto, se você está sozinho, não reclame, esta é uma oportunidade, caminhe para a solitude. Se você está acompanhado, aproveite a carona, e caminhe para a solitude. Esta é a grande viagem a ser feita.

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