Quando UM HOMEM QUISER
(Ary dos Santos)
Como a humanidadedevia existir em cada homem AQUI e AGORA e não apenas nas celebrações especiais, fica este poema lindissímo de Ary, que Portugal canta, não tanto como devia... Fica para o mundo, com esperança da mudança de atitude (s) não tardar. Tu que dormes à noite na calçada de relento Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento. És meu irmão amigo És meu irmão. E tu que dormes só no pesadelo do ciúme Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume E sofres o Natal da solidão sem um queixume. És meu irmão amigo És meu irmão. Natal é em Dezembro Mas em Maio pode ser Natal é em Setembro É quando um homem quiser Natal é quando nasce uma vida a amanhecer Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher. Tu que inventas ternura e brinquedos para dar Tu que inventas bonecas e comboios de luar E mentes ao teu filho por não os poderes comprar. És meu irmão amigo És meu irmão E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei. És meu irmão amigo És meu irmão.
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