Brokeback Mountain
(Ang Lee)
Sob tonalidades celestes, a vasta, fria e imponente montanha alarga-se numa dádiva de vida. Águas límpidas de um rio fluem cantantes, num ritmo seu, em concerto com a montanha, sempre renovada.Rebanhos de ovelhas ali se movimentam, crescem, sobrevivem e são meio de sobrevivência para o homem. Dois cowboys desenvolvem as várias e árduas tarefas para zelar dia e noite pelos animais.Os dois homens dividem os trabalhos, as responsabilidades. Desenrola-se um espírito de inter-ajuda. Há partilha de pedaços de vida, de alguns sonhos. A amizade tece teias subtis.Numa noite gélida, a pequena tenda acaba por aconchegar os dois homens. Na barreira ténue entre o sono e o despertar, o desejo irrompe voluntarioso, imperioso: a relação sexual é urgente, rápida, fortíssima…O sono volta e põe candura nos semblantes. Na manhã seguinte, a montanha assiste impassível à surpresa dos seus hóspedes. “Eu não sou homossexual”; “Eu também não”. Assim falam, sem quase se olharem, e prometem que não mais acontecerá. A noite desfaz a promessa: agora, entregam-se um ao outro com tranquilidade, olhos nos olhos, há o reconhecimento e a aceitação desta nova, deliciosa, ardente realidade.O trabalho sazonal chega ao fim. “A gente vê-se por aí”: Assim se despedem e prosseguem na vida. Porém, assim que a vista deixa de alcançar o outro, a verdade impõe-se atrozmente: a dor da separação é dilacerante. Sabem agora que algo de intangível, mas de uma força avassaladora tomou conta deles, unindo-os.Eles sabem que esta união é desterrada, sem tecto…Conhecem bem o preço elevado que a sociedade cobra a quem transgride as suas regras, os seus modelos: a morte violenta, num sítio ermo e a céu aberto, despindo os protagonistas da sua dignidade, é, no limite, o que lhes reserva.O inesperado, forte e inapagável sentimento é trancado, guardado, escondido, como de um crime se tratasse. Os dois homens enquadram-se agora no modelo heterossexual estabelecido. Têm mulheres e filhos. Trabalham. Quatro anos se passam.O reencontro ansiado é explosivo e serve para lhes mostrar que o sentimento existe e se tornou mais forte. O abraço, o beijo, querem recuperar os anos perdidos, sorver e absorver o outro.Durante uma vintena de anos, sempre que podem, largam tudo e correm para a montanha, que os acolhe sem preconceitos. A morte separa-os. No vivo, reside ainda o amor, a saudade pelo ente querido…Um filme de grandes emoções, que nos convida a reflectir sobre a força e beleza do amor... As barricadas que encontra e que tem de contornar…
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