A Política Brasileira: O Mistério do Ministério das Cidades
(Steve Rogers)
A notícia que segue abaixo nos dá algumas pistas para que seja possível entender alguns dos mistérios que cercam a composição de Ministérios no atual Governo Brasileiro. Como veremos abaixo, uma figura cujo nome havia sido apagado da Política devido a uma administração desastrosa da Cidade de São Paulo, volta com força total por ação direta do Presidente. Vejamos abaixo a notícia:
PT deve confirmar indicação de Marta para o Ministério das Cidades naSegunda-Feira O PT deve confirmar a indicação da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy para o Ministério das Cidades na reunião que a Executiva Nacional fará na segunda-feira, a partir das 10 horas, em Brasília, na sede do partido. De acordo com o deputado federal Jilmar Tatto (SP), a legenda deve sugerir ainda os nomes do deputado Walter Pinheiro (PT-BA) para o Ministério do Desenvolvimento Agrário e de Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) para a Secretaria Especial de Direitos Humanos.
"Há um consenso dentro do PT de que Marta seria a pessoa ideal para assumir o Ministério das Cidades, mas a decisão final fica a critério do presidente. Ele tem dificuldades em montar o governo e dialogar com os aliados", afirmou. Segundo Tatto, a indicação dos nomes será feita a pedido de Lula, que solicitou a todos os partidos da base que fizessem suas sugestões.Nos bastidores, circula a informação de que o presidente Lula teria resistência em nomear Marta para o ministério por acreditar que a ex-prefeita deixaria o cargo para se candidatar à Prefeitura de São Paulo em 2008. Para Tatto, entretanto, Marta estaria disposta a permanecer no governo federal até 2010. "A prefeita é uma pessoa muito disciplinada do ponto de vista de sua atuação política", opinou.De acordo com a deputada Maria do Rosário (PT-RS), o PT não vê o Ministério das Cidades como um aumento da participação do partido no governo, mas sim a recuperação de um espaço perdido. "Esse era um ministério que o PT dirigia no primeiro mandato do presidente Lula, na pessoa de Olívio Dutra", disse, ressaltando que essa é a única discussão que existe dentro do partido no sentido de ampliar a participação do partido na equipe ministerial.Para o PT, continuou a deputada, a pasta tem muita importância por estar vinculada ao histórico do partido, que consolidou sua atuação e apoio junto ao eleitorado justamente após assumir prefeituras. "Para nós, essa é uma referência muito importante", lembrou. "Não queremos ampliar ou diminuir nossa participação no governo federal, mas apenas mantê-la", acrescentou Tatto, na mesma linha.A prioridade do partido, destacou o deputado, é manter sua influências nos ministérios ligados às áreas econômica, social e de comunicações. Na avaliação de Tatto e de muitos deputados petistas, a participação do PT nos ministérios é distorcida. "Muitos ministros filiados ao PT pertencem à cota pessoal do presidente, e ele deve decidir o que fará com eles", opinou. De acordo com esses deputados, alguns ministros, embora petistas, não representam o partido, e ainda que não peçam abertamente a saída deles, há setores que gostariam que fossem substituídos por membros indicados pela Executiva Nacional. Agência Estado (Brasil) - sexta-feira 23/02/2007
Ao analisarmos esta notícia iremos perceber mais uma vez o fenômeno a que me referia no artigo sobre a relação entre Estado e Governo no Brasil, qual seja, o loteamento de cargos públicos por afinidades pessoais e trocas de interesses. A ex-Prefeita Marta Suplicy deixou a cidade de São Paulo com alto índice de rejeição em seu mandato. A esta época havia suspeitas de desvio de verbas em vários ramos da administração pública em sua gestão, bem como obras inconclusas, e um aumento exponencial da violência. Estes fatores fizeram com que esta figura do PT caísse em cescrédito frente á população e não pudese asim disputar novas eleições por um bom período sem se arriscar a ser fragorosamente derrotada. Antes de mais nada, cabe ressaltar que em poucos países do mundo esta personagem da políticaseria chamada a ocupar tantos cargos de grande relevância. Trata-se de alguem que não tem experiência profissional (e não política) na administração pública, bem ocmo se trata igualmente de uma pessoa com área de formação acadêmcia totalmente distinta dos cargos que exerce (Graduada em Psicologia e Especialista em Sexologia). O "capital político" (como diria Pierre Bourdieu) desta figura da política brasileira se deve ao fato dela ter sido nos anos de 1970 e 1980 uma figura influente nos movimentos feministas desta época, e ter se vinculado nos anos de 1980 ao PT com a proposta de uma aliança entre o PT e o Movimento Feminista. Em minha opinião, trata-se de uma prática populista a do atual Governo, esta de convocar para um Ministério pessoas cuja formação não se coaduna com o cargo, mas antes tem relação profunda com a visibilidade emprestada a este cargo pelo fato de ser ocupado com tal figura. Por último cabe perguntar; será que o Ministério das Cidades irá fazer das demais cidades uma cópia da Gestão Marta Suplicy em São Paulo?
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