Artigo
(Valdirene do Carmo)
Valdirene do CarmoGraduanda em Pedagogia: Docênciae Gestão de Processos EducativosUniversidade do Estado da Bahia - UNEBO PRECONCEITO RACIAL NA EMPRESA É PRÁTICA TÃO DIFUNDIDA QUANTO DANOSAAdiscriminação nas sociedades humanas é um quesito além de bastante difundindo, pernicioso. Onde existe a diferença, existem indivíduos prejudicados por pertencerem a um ou outro grupo que foge a determinadas normas. Ela é prática quase universal, entretanto nem todas as discriminações são iguais, a diferença fundamental é o grau. Em muitos aspectos da vida, a discriminação é difícil ou impossível de se medir, mas, em outros, a sua mensuração é possível.No decorrer histórico: escravos pobres, rejeitados, açoitados, analfabetos, operários, entre outros, foi a maneira como a imagem do negro pôde ser incorporada pela sociedade e influenciar no contexto atual, e embora sendo um assunto bastante discutido, a sua exclusão ainda é eminente quando se trata do acesso à igualdade e ao bem estar social. Os seres humanos, ao longo do desenvolvimento das diversas culturas, puderam construir a sua existência pautada na habilidade maior ou menor de dominar o Universo. Através do significar e ressignificar dessas habilidades encontraram formas mais propícias de se impor no ambiente e alcançaram estágios mais complexos de desenvolvimento.Ao administrar sua capacidade de dominar o ambiente, o homem, provocou uma abordagem que se desencadeou na sustentação das relações de trabalho e, conseqüentemente o surgimento de duas classes: uma opressora e outra oprimida. Como todos os espaços e tempos não são mutáveis essas relações não poderiam permanecer constantes, mudando apenas as condições de opressão. “Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestres e companheiros, numa palavra, opressores e oprimidos” (Marx apud Sant’ Anna 2002, p.44)Os tipos particulares de classificação se alteraram, obviamente, com o passar do tempo. Porém, os preconceitos profundos passam diretamente de um sistema social para o outro se adequado aos interesses de muitas classes exploradoras. Dessa forma, o racismo persistiu como um instrumento de opressão e discriminação em sua história, fato que conduziu os negros para empregos de status inferiores e menores remunerações.Abordar o mercado de trabalho no Brasil é retomar o processo de constituição da ideologia racial implementado por intelectuais e pelas classes dominantes. A desvalorização do negro se dá dentro de um contexto histórico pautado da relação de escravidão ao processo de economia moderna, devido ao seu passado escravo e tardia inserção à educação e no mercado de trabalho, teve como conseqüência um posicionamento desfavorável e desigual no que diz respeito à distribuição de renda, educação e profissões. As estruturas do Mercado de trabalho sendo de cima para baixo, tendenciou privilegiar os indivíduos brancos, dificultando o acesso de outros grupos étnicos, baseados na ideologia da superioridade de capacidade desses indivíduos. Diante disso, essa idéia de inferioridade norteou os sujeitos negros e, ainda, contribuíram para legitimar a discriminação racial no mercado de trabalho brasileiro que até hoje sustenta a desigualdade de oportunidades entre os grupos raciais. Diante dos integrantes de algumas profissões é possível perceber que na maioria delas, principalmente as de alto nível de aceitação, são compostas por brancos. No decorrer da história das sociedades a maioria das empresas tinha preferência por um certo tipo de empregado que fossem influenciados pelos mesmos estereótipos e mesma concepção de vida. Hoje a situação necessita e deve alterar-se.A opção por uma equipe de trabalho multicultural e multirracial é a melhor solução que qualquer empresa pode adotar. Além de propiciar vantagens a empresa por ficar imersa a concepções pluralizadas, traz a idéia de ceder oportunidade a qualquer pessoa independente de sua cultura, cor ou credo.A afirmação da identidade cultural negra nos remete àdiscussão a cerca da participação e acesso a oportunidades sociais, como a inserção irrestrita dos negros no mercado de Trabalho. Desta maneira, provocar o resgate de prejuízos ocasionados pela escravidão cuja prática segregativa fez com que muitos resquícios coloniais e imperiais ainda apareçam hoje. Nesse sentido, a tolerância e o respeito às diferenças são alguns pressupostos à inclusão do negro na sociedade.A reparação da inserção do negro no Mercado de Trabalho vem sendo na verdade um desafio na luta pela igualdade racial, onde precisa estar relacionada a movimentos políticos e sociais que compactue ajustes de inclusão racial no Brasil. Visto que, se faz necessário, atentar para as falsas preleções antidiscriminatórias sobre o negro, muitas vezes escondidas no discurso da diferença pregado por muitos, ou para escapar das pressões de aparelhos ideológicos do Estado.Essas questões raciais são mitos também introduzidos no diálogo das empresas, que muitas vezes escondidas no discurso de que respeita as diferenças, negam suas afirmações quando tem sua equipe de trabalho visivelmente “embraquecida”. A existência de desmerecimento entre raças dentro da empresa geralmente não é exteriorizada, portanto em outros momentos e contextos, se autodenunciam por meio de situações nas quais o preconceito racial se faz presente.A discriminação em nosso país é densamente dissimulada. Talvez não se comercialize mais o corpo do negro ou do trabalhador como noutro tempo, porém, infaustamente, se negocia com a sua identidade, atribuindo-lhe uma carga de desvantagem e segregação que se iguala à venda de seu corpo.Bibliografia: Sant’Anna, Sílvio L. Marx: vida e pensamentos. Ed. Martin Claret. São Paulo, 2002.
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