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Os amores de Salazar
(Cabrita; Felicia)

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Portugal conhece bem Felicia, jornalista felina que desvendou alguns dos mistérios vindos das entranhas mais fundas da vergonha nacional. Trazer essas histórias a público foi como fazer psicanálise social, não para tentar uma cura, não para esquecermos esses males tão macabros, não para procurarmos o perdão, mas para sabermos viver com os nossos traumas e aprendermos a ultrapassá-los, para deixarmos a dôr doer fundo, sem prazer, só mesmo a dôr a magoar-nos até o espelho nos dar uma imagem real do que somos, sem máscaras, sem maquilhagem, sem plásticas. Se encontrarmos rugas (todos temos rugas) então temos que aprender a rir com elas, de forma a que o riso ganhe luz e contornos com essas rugas. O riso é o lado positivo, o que se aproveita, o que constrói, é o futuro. No caso dos Amores de Salazar, numa prosa jornalística já procurando um desenho literário, Felícia faz o avesso do que nos habituou e, em vez de desvendar o produto jornalistico da notícia ruim (as canções de escárnio e maldizer parecem continuar a ser a fonte do nosso jornalismo contemporâneo), mas no livro Felícia fez uma pausa no seu canto e a jornalista que virou escritora, sem deixar de ser felina, mostra o lado bom de um Homem que pintaram de mau toda a vida. O lado bom, para o Português, não é propriamente um lado santo, beato e casto que o regime ditatorial de Salazar, mesmo sem ele o desejar, insistia em reproduzir na comunicação social. O lado bom de um homem nesta sociedade que os Europeus maltratam de mediterrânea mas que se trata de uma cultura muito Atlântica mantendo o seu lado latino, talvez esbatido e, contrasenso, tratando-se também de uma cultura bastante internacional sem ser cosmopolita, o lado bom de um homem nesta mistura cultural é tudo o que tem de romântico e de dedicação aos prazeres da vida, mantendo grandes valores sociais, como a honestidade e o sentido de bem fazer. Felícia oferece aos desiludidos do antigo regime político e às suas próprias vítimas, um ídolo que afinal não era tão diferentes deles, um homem comum preso a uma imagem que lhe garantia o Poder que afinal não lhe cabia como uma luva. E assim, a nossa jornalista felina, num ronronar delicioso que impõe o respeito na nossa selva de valores, abre uma porta para que a sociedade Portuguesa possa voltar a receber em casa o líder que traçou a História do País durante mais tempo consecutivo, com um lugar impossível de destronar. Olhamo-nos ao espelho e voltamos a pendurar o rosto do velho. Mas não em casa, basta que o aceitemos no museu. Felícia, por favor, continua.



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