Metamorfose: mulher!
(Flávia Martin)
Seus ensinamentos guardei-os todos, com muito cuidado, no esquecimento. Nada do que falou foi perdido: suas palavras febris e hilárias, seu uniforme branco, sua alma negra. Tudo foi guardado: tudo guardado no esquecimento. E ai resolvi me encontrar: vesti-me de mim e sai acompanhada da solidão. Fui cobrir de uma vez, este vão entre o mim e o eu. Sai despida de todo preconceito, meio aflita por ter as mãos vazias e os pés tremulos por andarem pelos céus descalsos. Comecei a correr afoita pelos labirintos ilusórios, travando batalhas com o verbo ser. Como arma uma espada luminosa chamada sonho. Havia luzes também em meu olhos que podiam acender universos. E eu comigo, vitoriosa, caminhava em passos largos os degraus da existência, assumindo a presidência de ser o que sou. Eu, eleita pela unanimidade de mim, apesar da difícil escolha de ser eu mesma. Ea menina muda transformou-se em mulher! Vestiu-se de coragem, retirou a máscara infantil. Frente ao espelho, lápis na mão, redesenhou-se. Subtraiu a boca esmagada por tons repressores, reescreveu lábios autônomos e independentes. Os pés, desvinculados de falsos caminhos, andam absortos de vida, confiantes na vida. Deixou transparecer um novo ser, onde o corpo seduz os olhos, seduzindo a mente. Transformação!
(este texto poético de Flávia Martin foi publicado em homenagem ao Dia Internacional da Mulher)
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