Como Desmascarar Charlatães (ou: A Retórica Vista Por Dentro) - Parte 4: A Falsa Descrição
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No quarto artigo desta
série de resumos sobre alguns dos mais comuns truques sujos utilizados por
charlatães para vencer uma discussão, apresento o que é chamado (por Chain
Perelman, Aristóteles e Lucie Olbrecht-Tyteca) de argumento de falsa
descrição. Na prática este argumento sofístico consiste em alguém
ao ter seus argumentos refutados, e suas idéias falsas desmentidas perante a
confrontação lógica, recorre a uma aparente descrição do que queria demonstrar
como forma de mostrar que detém o conhecimento de como realizar aquilo a que se
propõe. Tal truque arguentativo retira
sua eficiência de uma aparência de segurança e de coerência lógica de uma
descrição aparentemente muito coerente e verdadeira. Isto se deve ao fato de
que, em uma descrição verdadeira, além de dizer o que vai ser feito, deve ser
dito o como será feito algo, mas neste truque argumentativo, é exposto somente
o que vai ser feito, e esta omissão do como vai ser feito no calor da discussão
gera a ilusão de uma descrição completa quando na realidade é parcial. Mais uma
vez retiro um exemplo que presenciei em uma discussão no shvoong. Após haver
demonstrado a impossibilidade de um certo sujeito se igualar a dois importantes
filósofos, e expor a todos os embustes de sua teoria da junção do corpo com a
alma (não sem antes haver sofrido uma miríade de ataques e xingamentos), o dito
sujeito então interrompeu a argumentação e disse: "é simples: você precisa
apenas realizar a correção do sentimento via junção do sentimento com a
racionalidade, e pronto! A alma
se junta ao corpo e o paciente fica curado!". Dito desta forma parece
realmente simples, e tal argumento teria realmente grande eficácia em muitos
casos. O efeito causado por demonstração tão clara e segura seria suficiente
para encerrar a discussão, mesmo que a demonstração do interlocutor fosse
falsa. Mas como
isto funciona? Seria um tipo de mágica. Na realidade não! O que ocorre neste truque argumentativo é uma descrição falsa. As
descrições falsas são aquelas em que um indivíduo descreve o que supostamente deveria ser feito,
mas em momento algum informa como deveria ser feito. E isto por uma razão simples: ou o sujeio não sabe como
deveria ser feito, ou então se revelasse o como seria feito entraria em
contradição com tudo o que expôs. Para se desembaraçar deste truque
argumentativo basta uma pergunta dirigida ao replicante: como se faz isto que
você descreve? Se o sujeito insistir em demonstrar o que se faz ao invés de mostrar como
se faz, insista e diga que ele já explicou o que fazer, mas não como fazer. Em
caso do sujeito tentar se evadir da discussão sem te responder à pergunta,
exponha para oa auditório a farsa do replicante ao não responder como é que ele
fazalgo que afirma ser do domínio de seu conhecimento. Agradeço mais uma vez
aos leitores destes modestos estudos, dedicados a Magnus Amaral Campos, que na
tentativa de me atacar e denegrir fornece a todos o material de exemplos
fraudulentos que jamais teria sido encontrado com tremenda facilidade em outro
lugar, e muito menos produzidos em tamanha profusão pela mesma pessoa.
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