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Rubem Alves: receita para a saúde mental
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O psicanalista Rubem Alves, ao preparar uma palestra sobre Saúde Mental, começou seu pensamento fazendo uma lista de pessoas que, do ponto de vista dele, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimentos para a alma - Nietzsche, Fernando Pessoa, Van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maiakovski. Entretanto logo se assustou, pois, Nietzsche ficou louco; Fernando Pessoa era dado à bebida; Van Gogh matou-se; Wittgenstein alegrou-se ao saber que iria morrer em breve, pois não suportava mais viver com tanta angústia; Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica; e Maiakovski suicidou-se. Essas pessoas tão brilhantes e profundas, diante do objeto Saúde Mental como sendo a condição em que as idéias comportam-se bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado, não passariam em nenhum teste psicológico que medisse a saúde mental. Eram lúcidas demais para isso. Sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idosos de gravata e sendo donos do poder, os loucos passar a ser os protótipos da saúde mental. Somos muito parecidos com computadores, continua Rubem Alves, temos nosso hardware que são os nervos do cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso e, o software constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória, como os símbolos, entidades que poderíamos chamar de espirituais, sendo que o programa mais importante é a linguagem. Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou no software e as pessoas também. Quando o hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis a consertar o que se estragou. Quando o problema está no software não se conserta o problema com bisturis ou remédios, porque o software é feito de símbolos, as ferramentas deverão ser as palavras e elas podem vir de poetas, humanistas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas. Mas nesse computador humano o hardware, o corpo, é sensível às coisas que o software, espírito, produz. E, então, a explicação com o que aconteceu com as pessoas citadas no princípio: a música que saia de seu software era tão bonita que seu hardware não suportou. Então, deduz-se que para se ter saúde mental até o fim dos dias há de se OPTAR POR UM SOFTWARE MODESTO. A beleza é perigosa para o hardware, não ouça Brahms e Mahler, mas rock à vontade. Quanto às leituras, evite as que fazem pensar. Se há livros do doutor Lair Ribeiro, por que se arriscar a ler Saramago? Jornais podem ser lidos diariamente já que publicam sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes e assim o software pensará sempre coisas iguais. E, aos domingos, não se poderá esquecer de Sílvio Santos, Faustão e Gugu Liberato. Siga esta receita, diz Rubem Alves e terá uma vida tranqüila, embora banal. Mas como foi cultivada a insensibilidade não se perceberá a tal banalidade. Assim, em vez de ter o fim triste das pessoas mencionadas no início deste, se aposentará, então, para realizar os seus sonhos. Infelizmente, conclui o autor, quando chegar tal momento, já se terá esquecido como eles eram. (Resumo de Eni Martin / artigo do psicanalista e professor Rubem Alves).[BR]



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