Sei Lá !
(Margarida Rebelo Pinto)
Sempre tive um certo preconceito em relação aos escritores portugueses. Contemporâneos, em particular. E juro que tenho tentado manter uma visão aberta! Tenho lido livros com "histórias" que não lembram a ninguém, e sempre considerei a "nossa" literatura actual com falta de tempero, às vezes completamente desprovida de coerência. Na verdade, até sou capaz de ler um bocado de tudo e disso só depende o meu estado de espírito. O livro da Margarida deixou-me alegre. Para mim, basta. Hoje em dia não é tão difícil assim publicar-se um livro: basta, infelizmente, ter um nome mediático. Não creio que seja o caso da Margarida, como foi referido por alguém, noutras opiniões. A fama veio depois. Quero com isto dizer que, o "Sei Lá" da Margarida não deixa de ser uma obra refrescante e alegre no meio de outras de autores portugueses terrivelmente enfadonhos em que é preciso primeiro perceber a pontuação que usam para depois percebermos a história. Não é de facto uma história brilhante, não será um prémio nobel, mas ainda ontem passei uma vista de olhos pelas novidades da Fnac, e verdade seja dita: a maioria tende para este tipo de literatura. Por exemplo, o contexto e o âmbito do tão famoso "Diário de Bridget Jones" não é assim tão diferente do "Sei lá". O única diferença é que este está escrito em português, fala-nos de lugares comuns, alguns que não conhecemos porque supostamente pertencem a uma "elite" e, enfim, não soa tão bem quanto o texto inglês e igualmente refescante e alegre (e nada mais que isso) do "Diário de Bridget Jones". A história situa-se num meio social desconhecido para a maioria dos portugueseses (que vivem fora de Lisboa e a quem cenários como a Kapital, o Dock's ou um apartamento no Bairro Alto não dizem grande coisa). O tom da narrativa é pedante, a fugir para o snob e a banalizar um estilo de vida infelizmente ainda inacessível à maioria das pessoas deste país. A história propriamente dita é como uma pastilha elástica, que a gente mastiga para se entreter e deita fora logo que perde o sabor (e esta perde o sabor muito depressa).
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