As Valquírias
(Paulo Coelho)
Como em todos os livros de Paulo Coelho, apreendo sempre alguma mensagem ou algum pensamento que pode mudar ou não a minha maneira de pensar sobre determinado assunto. "As Valquírias" começa com um objectivo que o próprio Paulo tem de realizar - falar com o seu anjo - e em busca dessa realização, conta com a companhia da sua mulher. Vão parar ao deserto, onde encontram personagens irreverentes, misteriosas e sábias. Mas a sabedoria destes parece insana e invulgar, e no entanto não deixa de ser sabedoria. Pequenos rituais, pequenos gestos, pequenas frases, símbolos mágicos, enfim... Todos aqueles pequenos pormenores que a muitos não dizem nada e aborrece, e que a outros são indispensáveis. Com o desenrolar da história, acontecem alguns (im)previstos, nomeadamente uma paixão (secreta) de Paulo por uma das Valquírias. Mas esse desenlace, vocês saberão depois de lerem :p Só digo que alguns pensamentos que ele tinha em relação à mulher, eu não gostava se fossem a meu respeito!! (Se pudéssemos ler os pensamentos das outras pessoas, não conseguiríamos gostar delas da mesma forma que gostamos hoje..) O que mais me surpreendeu no livro foi a mulher de Paulo conseguir realizar, quase sem querer, o objectivo a que Paulo se tinha proposto alcançar. Confesso, gostei que tivesse sido ela a primeira a conseguir tal proeza, o que prova que qualquer pessoa comum consegue concretizar as "mesmas" proezas espirituais que outras com profundos conhecimentos de Magia. Além do mais, ela assume um papel quase tão importante como Paulo neste livro. Foi uma descoberta! De identidade talvez... ou simplesmente da forma de pensar e agir livremente. Apreciei também as descrições do deserto e estabeleci uma comparação entre o deserto e a vida quotidiana que levamos. O deserto é a antítese crua da nossa realidade. E quantas vezes não queremos um bocadinho de deserto para fazermos uma pausa e reflectirmos sobre a nossa vida, não é? Duas partes completamente distintas que me tocaram foram: Paulo ter conseguido falar com o seu anjo e a forma simples mas bonita com que foi descrita e o "duelo" entre a sua mulher e a Valquíria. O resto do enredo foi contexto e acréscimos. De qualquer forma, acho o livro interessante, pela vertente pessoal, e com uma história bonita - ou a intenção, pelo menos, é. Deixou-me a pensar na possibilidade de falar com o "meu" anjo, e também em como os sentimentos de um ser humano podem mudar tão rápido como um virar de uma página. Recomendo-o para um dia enevoado, com uns aguaceiros a cair de quando em quando. Pode ser que a leitura compense o dia cinzento e chuvoso ;)
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