De feto a criança
(Alessandra Piontelli)
De Feto a Criança Um estudo observacional e psicanalítico Neste livro publicado pela Imago, a médica, psicoterapeuta infantil e psicanalista Alessandra Piontelli tem como objetivo estudar preliminarmente a vida pré-natal e seu impacto sobre o futuro desenvolvimento do indivíduo. O estudo começa pela observação ultra-sonográfica de fetos e continua com um acompanhamento pós parto em seu ambiente familiar, com um mínimo de interferência possível. Foram selecionadas onze gestações, três singulares e quatro gemelares, e ainda seis atendimentos a crianças que embora não tenham sido observadas em seu estado fetal, sua gestação e parto foram relatados pelos pais. O método de observação foi desenvolvido por Esther Bick. Os casos observados tiveram um acompanhamento psicanalítico das crianças por dois a cinco anos, e a família de muitos deles manteve contato com a terapeuta até a idade em que se encontravam quando da publicação dos estudos, ou seja, vinte anos. O resultado sugere a existência de continuidade em aspectos da vida pré e pós-natal. A previsibilidade de alguns comportamentos se reporta a idade fetal. No livro há resumos e relatos das sessões ultra-sonográficas e psicanalíticas em detalhes. Alguns de grande dramaticidade. Há relatos contundentes de crianças com sérias dificuldades de adaptação à vida no mundo exterior ao útero. Os pais muitas vezes interrompiam o tratamento por motivos diversos, seja por estarem satisfeitos com o resultado obtido, por mudança de residência, tratamento de saúde de um dos cônjuges ou mesmo após optarem pela concepção de outro filho. O tempo mínimo de tratamento dos casos observados foi de dois anos. A autora não se exime das críticas possíveis quanto à escolha do material apresentado, nem de que seria preciso continuar com as pesquisas para se chegar a um consenso mais científico sobre o assunto. Suas conclusões são de que parece haver realmente uma relação muito estreita entre o comportamento fetal, e aquele durante o desenvolvimento do indivíduo. Também descarta esta influência em casos atendidos onde a psicopatia não teria origem na sua vida fetal. Pelos relatos percebemos que parece existir uma individualidade já na vida fetal, mais fácil de perceber nas gestações gemelares. Nota-se a necessidade que alguns fetos sentem de ter seu espaço não compartilhado enquanto outros aceitam de bom grado a convivência com o irmão. Outras diferenças notáveis são aquelas em que percebemos o que o útero representa para alguns bebes – ou um lugar ideal ao qual deseja voltar ou o extremo oposto, um lugar perigoso cheio de ameaças. Torna-se evidente que se não houvesse essa diversidade todo feto teria comportamento igual ao de outro qualquer. Sua vida após o nascimento determinaria seu comportamento a partir das influências recebidas do meio ambiente. Tudo nos leva a entender e aceitar que a personalidade de um indivíduo não é só o produto da genética ou da influência do meio. Ele já é um indivíduo dentro do útero, e marcas de sua evidente personalidade o acompanharão sempre durante sua vida.
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