Resumo de Carro Movido à Consciência (Conto) I

João era um espiritualista. Possuía um trabalho simples, uma vida singela. Era engenheiro mecatrônico – conjugava os conhecimentos de Mecânica e Eletrônica. Um bom sujeito e excelente profissional.
Semanalmente, participava dos trabalhos espirituais de um grupo de amigos.

João tinha uma oficina em casa, na sua garagem. Cabiam três carros. Havia somente um. O espaço restante virou oficina, passatempo dos finais de semana. O sonho de João era inventar um carro movido à água e doar a patente à humanidade, para ajudar a evolução do Planeta. Estudava e lia muito. Elaborava projetos de sistemas de tração. Seus amigos de trabalho, também engenheiros, colaboravam no que podiam. João era um bom amigo.
Uma bela noite de verão, em janeiro, sexta-feira, João ficou horas pensando, solitário em sua oficina bem-iluminada. Recostado no espaldar da cadeira, absorto em um ponto fixo do espaço, a divagar entre as idéias e pensamentos sutis da criatividade. Após se cansar, foi deitar-se. Conversou um pouco com a esposa, leu para relaxar e dormiu.
Naquela noite algo inusitado aconteceu. Os amigos espirituais de João o retiraram do corpo físico. Levaram-no a uma colônia extrafísica de inventores e cientistas, onde o apresentaram a ilustres personalidades da história da ciência e tecnologia. Uns estavam desencarnados (espíritos), outros, embora encarnados, estavam projetados e seu corpo astral (psicossoma) ostentava a aparência que tiveram em reencarnações passadas.

Foi apresentado também a vários pioneiros. Conheceu Cristóvão Colombo, que em vida recente foi o primeiro astronauta a pisar na Lua. Conheceu Alexander Graham Bell, que inventou o telefone e, desencarnado, desenvolvia um método de telepatia para as próximas vidas. Conheceu Thomas Alva Edison, que, no plano espiritual, concebia computadores e sistemas de transporte avançados. Conheceu Santos Dumont, que lá também estudava transportes e naves avançadas para viagens interplanetárias (tanto no físico, quanto no astral) e equipamentos de teleportação. Conheceu os amparadores extrafísicos (amigos espirituais) de Bill Gates, que comentavam entre si: “Embora ele seja um gênio, às vezes peca pelo método com que trata seus concorrentes.”

Conheceu Einstein, que não pretendia reencarnar tão cedo, pois não havia tido uma vida com equilíbrio afetivo e acreditava que a humanidade não estava preparada para maior desenvolvimento tecnológico. Além de ciência, estava estudando o comportamento consciencial. Conheceu Darwin, o biólogo que elucidou o conhecimento da genética e, no plano espiritual, coordenava o mapeamento do DNA e dos sistemas de clonagem do planeta Terra. De todos, conversou mais com Santos Dumont, que desenvolvia transportes e, por isso, poderia fazer sugestões tecnológicas úteis para ele.

Foi uma noite intensa, produtiva, bem-amparada. Não foi à toa que esta projeção foi numa noite de sexta para sábado – pelo jeito, o final de semana iria ser cheio e produtivo também. Acordou com idéias fervilhando na cabeça. Não se lembrava de nada, exceto das idéias. Algumas completas, outras fragmentárias. Ligou para os amigos. Cancelou o futebol da tarde. Conversou com a esposa. Pediu a ela para cancelar o piano-bar da noite. Até sugeriu que saísse com as amigas. Enfiou-se na oficina. Começou a trabalhar. A esposa lhe levava os lanches. Empanturrava-se, com prazer, de litros de café. Trabalhou, sem descansar, até as duas horas da manhã. No domingo, acordou às sete. Como não daria tempo de materializar as idéias, tratou de passar o dia todo transcrevendo-as para o papel. Este processo se repetiu durante os próximos quarenta e nove finais de semana. João fazia algumas pausas para descanso e passeava à noite com a esposa.

E a recompensa chegou.
E o carro, era movido à água? Não. Movido à consciência.

O carro possuía uma bateria de ectoplasma qualificado, com pouca tecnologia terrestre e alta tecnologia consciencial. Não possuía rodas e flutuava até cinqüenta centímetros acima do solo. Sem ruído, sem poluição. A bateria durava uma semana, se o motorista fizesse seus trabalhos espirituais diariamente, em elevada sintonia. João saiu para testar seu revolucionário carro-consciência. Logo chamou atenção da imprensa e das autoridades.

Qualquer um poderia construir o carro, barato, leve e com tecnologia simples. Sem conforto ou luxo, porém funcional. Os repórteres pediram para dar uma volta. Um repórter pediu para dirigir o carro. O carro não respondeu, não saiu do lugar. A reação se repetiu com todas as pessoas e autoridades que testaram o automóvel-consciencial.
Continua no II...

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