BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Tunel e Poesias Modernistas
(Tácito de Almeida)

Publicidade
Tácito de Almeida, nasceu em Campinas-SP, em 1899 e faleceu na cidade de São Paulo em 1940. Poeta, diplomado em Direito e depois Promotor Público, participou ativamente da Semana de Arte Moderna de 1922. Era irmão de outro poeta, o consagrado Guilherme de Almeida. No entanto, a obra de Tácito de Almeida é menor do que a do seu irmão acadêmico. Tácito faleceu aos 41 anos, muito jovem pois, mas dele se projetava uma promissora carreira literária. Dele estão publicadas as seguintes obras: Restos de um assalto (1917); O Movimento de 1887 (1934); Túnel e Poesias Modernistas-1922/23, reedição e alguns inéditos publicados em 1987. Colaborou na famosa revista Klaxon, porta-voz do Movimento Modernista, também nas publicações Revista Nova e Terra Roxa e Outras Terras. Na Paulicéia, pleno 1922, o moço bonito e chique entoa “o claro riso dos modernos”. Seus poemas, porém, permitem a brecha da dor na alegria esteticamente proclamada pela Semana de Arte Moderna e pela revista Klaxon. A marca do século XX, bem nítida em todos os nossos renovadores, vem envolvida em sombras e meios-tons neste poeta que se curva perante o seu sofrer, entendendo-o como reflexo da dor maior e antiga do homem. Aqui está Tácito de Almeida. Entusiasta do progresso ou amargo perante a sociedade, Tácito é o modernista cultor da frase telegráfica, da polifonia poética à Paulicéia desvairada vazando a simultaneidade, oferecendo sons e barulhos da trilha dos futuristas; cartazes, anúncios luminosos em colagem, intensa movimentação das palavras e dos versos no diagramar dos poemas. Como uma câmera cinematográfica, toma planos grandes e closes, justapondo-os, obrigando o leitor a segui-lo com a fantasia e... com os olhos; a prender o alento, nos destaques em caixa alta. Tácito, apesar do pessimismo e da ironia encanta-se com o “mundo claro e radiante”, impregna-se de seus sinais e pergunta, na esteira de Marinetti: “Quem irá dirigir os homens?” Concluído o rito de passagem, renascido da dor, Tácito não será um “fingidor”... Assim disse de Tácito de Almeida a professora Telê Porto Ancona Lopez, no ensaio Tácito, Tempo de Passagem. POEMAS A CANÇÃO DO BARRO Eu sou feito de barro. Eu sou uma terra, sou um globo deformado, um sol morto, apagado, quase em cinzas, cinzas que o vento não espalha, porque estão molhadas... Eu sou um barro úmido de lágrima, uma terra que brilha no princípio de uma noite silenciosa e universal. .. Eu sou uma terra... E a outra velha Terra triste, branca e preta, malhada as vezes pelos eclipses ou pelas neblinas grávidas de trevas, a outra velha Terra triste é para mim, é para a minha vida um grande, um belo, um forte sol ardente, paralisado no poente... A PEDRA Sonhos esvoaçantes, sonhos feitos de restos de névoa... Sonhos leves, trapos de nuvens, trapos de neve, trapos de gaze, quase imateriais, mas a cair pesadamente, retos e ríspidos, cortando o vento, rasgando o azul, porque envolvem a grande pedra cinzenta da vida! DESENHO Vamos vivendo, vamos vivendo... Não imaginamos como deve ser, como queremos que seja a nossa vida... Vamos vivendo, vamos vivendo... Deixemos que a nossa vida seja como essas figuras despreocupadas que a nossa mão vai desenhando sem querer... Essas figuras que só depois de terminadas começamos a achar parecidas com alguém... Vamos vivendo, vamos vivendo... CARNAVAL Garotas multicores, cortinados de confetti... Ó como os corpos fervem no teu leito, Carnaval! Os homens... Máscaras alegres, máscaras cor de rosa, máscaras cheias de gargalhadas... Máscaras brancas, lustrosas, sobrancelhas muito curvas, olhos miúdos, rugas de choro, rugas de lágrimas... Máscaras de álcool, máscaras de éter, geladas como os dentes brilhantes, como a alegria, como os braços dos mortos... Máscaras desvairadas... Os covardes da alegria Os medrosos do sorriso... Máscaras de éter, para arrancar sem dor a Dor das almas... O VÍCIO A noite ergueu no espaço absorto o espelho morto, para as almas se comporem... E a noite é fria, a noite é ardente! SOSSEGO Não há ninguém na cidade pequenina... Apenas um sol bem amarelo e uma igreja vermelha, fechada, lá no alto... E um silêncio mole e cansado... E um vento bambo e sem volume, que desce devagar a ladeira e vem sentar-se no jardim vazio... E cai uma folha bem verde da árvore maior sobre o jardim vazio...



Resumos Relacionados


- A Arte LiterÁria Na Semana De 1922

- Revista Klaxon

- Rumo Ao Vento

- Modernismo

- Mário De Andrade



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia