BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Memória de minhas putas tristes
(Gabriel García Márques)

Publicidade
No seu nonagésimo aniversário, um homem resolve se dar de presente algo absolutamente inusitado para as pessoas da sua idade: uma noite de amor com uma adolescente virgem. Há algum tempo não freqüentava a casa de Rosa Cabarcas, mas sabia que podia contar com ela para seus planos. Só não imaginava que a partir dali iria se enredar naquilo que sempre evitara: viver o amor. Pior, amaria uma menina que encontraria apenas adormecida na cama do bordel.
A adolescente, cansada pelo trabalho diurno extenuante e entorpecida por porções de valeriana que lhe davam a tomar como calmante, repousava na cama, não só na noite do aniversário, mas em todas as que se seguiram. O velho e a menina parecem envoltos pelo encanto de não poderem se encontrar – quando ele chega escondido pelos fundos da casa, ela já dorme, e quando ela acorda, ele já teve que sair pelo mesmo caminho secreto.
No entanto, a relação vai-se estabelecendo impetuosamente nesses insólitos encontros noturnos. O homem canta canções para a menina, põe-lhe discos de clássicos, lê para ela, deixa-lhe presentes e flores, enfeita o quarto dos dois. Dá-lhe um nome – Delgadina –, pois nem isso tem oportunidade de saber dela. A jovem, mais alheia a essas noites palpitantes e movimentadas, limita-se a usar os presentes que recebe e deixa alguns recados escritos com batom no espelho do banheiro.
Enquanto transcorrem esses encontros, voltam as lembranças de outras tantas mulheres que jamais conseguiram ter espaço no coração do velho homem – desde a prostituta que o iniciou aterrorizado aos doze anos nas brincadeiras do sexo, até a fiel e agora velha empregada Damiana.
Mas a vida aos noventa anos ainda vai mudar radicalmente, como a de um adolescente que se vê levado pela torrente do primeiro amor. As crônicas dominicais se transformam e ganham o perfil de cartas de amor. Vão para a primeira página do jornal e ainda são vendidas avulso, tamanho é o interesse que despertam. O apartamento decrépito, onde o homem apenas via os dias passarem sob o calor sufocante dos trópicos, ganha vida e frescor.
Tão forte é a imagem da menina para ele, que parece que passaram a viver juntos. Pode vê-la em seus vestidos floridos e vive feliz com sua presença pulverizada pelos cômodos ou dormitando na rede estendida nos cantos mais frescos do apartamento. Não imagina que suas fantasias o lançarão, vulnerável, nos dissabores do amor.
Um dia encontra o bordel fechado e perde-se da amada. Vive, então, obcecado por reencontrá-la, pensando que morrerá de amor se isso não acontecer em breve. Quando finalmente o reencontro acontece, no entanto, seu sofrimento não cessa.
Vê a menina tão transformada que, ao invés de reconhecer que apenas seu corpo jovem tinha se modificado naqueles meses, jura na mais insana certeza que ela aceitara outro homem, entregando-se sem os pudores e medos que tinha em relação a ele. Enfurece-se. Destrói o quarto que havia decorado para os dois. Decide que jamais voltará a procurá-la ou pensar nela.
No entanto, as artimanhas do amor, das quais passara a vida tentando se esquivar, jogam-no novamente no quarto em que a menina nos remete à imagem da princesa encantada da Bela Adormecida. Na noite em que retorna, deita-se nu na cama e dorme de mãos dadas com ela. Pela manhã, bem cedo, acorda e volta para casa no ritual de sempre, deixando a amante em seu sono enlevado.
Pelo caminho sente, entretanto, que está a salvo. Finalmente consegue entregar-se ao amor sereno e prepara-se para morrer com o coração apaziguado a qualquer dia... com toda certeza, depois do seu aniversário de cem anos.



Resumos Relacionados


- Memória De Minhas Putas Tristes

- Memórias De Minhas Putas Tristes

- Memórias De Minhas Putas Tristes

- Memória De Minhas Putas Triste

- Memória De Minhas Putas Tristes



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia