Voz em Risco
(Ana Celeste Ferreira)
O Homem desenvolveu a fala como consequência da evolução. É nossa tarefa manter uma voz saudável. A voz é o som produzido pelo movimento interno das cordas vocais, quando o ar proveniente dos pulmões passa através delas e as faz vibrar. A laringe é um órgão singular responsável pela produção de som. Este som, ou a voz, é modulado e modificado por estruturas como os lábios, a língua e o palato para que possa ser produzido som inteligível. A voz e a fala são recursos valiosos à comunicação, à interacção social e ao trabalho. As mudanças na voz são muito subtis mas podem ser detectadas cedo. Rouquidão é um termo generalista que descreve alterações anormais na voz. A voz pode soar aspirada, roufenha, cansada e rouca. Pessoas com problemas vocais queixam-se ou notam frequentemente alterações na altura e volume do som, perdas de voz ou esforço vocal, e por vezes uma dor pontiaguda ou entorpecimento e alterações na capacidade de cantar. Tossir ou cuspir sangue ou mucosa, juntamente com faltas de ar pode indicar um problema mais sério. Os problemas vocais podem surgir por uma variedade de causas, incluindo abuso ou mau uso vocal, infecções, lesões ou cancros. As mudanças na voz são devidas a perturbações relacionadas com a estrutura e movimentos das cordas vocais. Inflamações e nódulos acima da linha média das cordas vocais impedem que elas vibrem, alterando a qualidade, volume e altura do som. A fraca tonicidade dos músculos laríngeos leva a limitação de movimentos ou paralisia das cordas vocais. Cancros nos órgãos superiores dos sistemas respiratório e digestivo podem provocar rouquidões, provocadas por lesões que impedem a total junção das cordas vocais entre si ou que as fixam por infiltração local, ou os dois casos. A causa mais comum de rouquidão é a laringite aguda, que normalmente se segue a uma infecção viral das vias aéreas superiores, resultando em inflamação ou edema nas cordas vocais. Uma outra razão pode ser o uso excessivo da voz durante uma constipação. É fundamental ser consciente em relação ao uso vocal durante um episódio de laringite, já que podem surgir hemorragias da mucosa devido a agressão nos vasos que atravessam as cordas vocais, agressões essas que podem levar a danos permanentes. As lesões nas cordas vocais incluem alterações benignas, não-cancerígenas, geralmente causadas por uso excessivo, abuso ou mau uso vocal. Os cistos e pólipos nas cordas vocais são também lesões na mucosa presentes em uma das cordas. Estes afectam a estrutura e vibração das cordas vocais e causam alterações crónicas na qualidade da voz. Cantar numa altura anormal ou desconfortável pode levar a rouquidões. Ao usarem as vozes numa tonalidade inferior à normal, as mulheres jovens correm riscos. Sussurrar é um exemplo de falta de técnica. Falar demasiado alto, destacar e tensionar certas sílabas pode também resultar em lesões ou trauma para as cordas vocais e músculos, causando fadiga vocal. Falar ao telefone com o aparelho apoiado no ombro causa excessiva tensão no pescoço e nos músculos laríngeos e altera a técnica vocal causando problemas. Isto é habitualmente verificado em profissionais da voz como professores ou políticos. Em pacientes com problemas vocais relacionados com refluxo gastro-esofágico, a voz encontra-se pior de manhã e vai melhorando ao longo do dia. Estes descrevem uma sensação de aglomeração na garganta, muco agarrado à garganta, uma vontade incontrolável de pigarrear e irritação na garganta. Tossir ou pigarrear lesionam as cordas vocais e devem ser minimizados, e as causas tratadas convenientemente. Problemas como laringite de refluxo gastro-esofágico ou alergias devem ser diagnosticadas e tratadas. A paralisia das cordas vocais ocorre devido ao envolvimento dos nervos recorrentes e superiores laríngeos, que regulam os músculos das cordas vocais.
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