O que é morte
(Suzana)
Abordagem Filosófica do Envelhecimento e da Morte
A morte é o fundamento do pensamento filosófico, não porque os filósofos sejam macabros atormentando a existência e deixando de lado a vida, mas porque como afirmou sabiamente Montaigne: “Quem ensinasse os homens a morrer os ensinaria a viver”. A reflexão sobre a morte é reflexão sobre a vida, pois só podemos viver intensamente se nos conscientizarmos de que somos finitos, mortais e que cada momento é irrecuperável, principalmente quando se está chegando ao fim da vida. É importante compreender a fórmula de Heráclito: viver da morte, morrer de vida, que se encontra plenamente comprovada na medida em que nós vivemos da morte de nossas células, sendo a vida o que resiste à morte. Pra resistir, porém, ela utiliza justamente a morte e sendo assim, esse antagonismo fundamental comporta certa colaboração por parte da vida. Mas o que é velhice? Essa não é uma pergunta de fácil resposta, pois não há uma consciência clara através das características físicas, psicológicas sociais culturais e espirituais que anunciem o início de velhice. Só pensamos na velhice quando ficamos velhos.
A morte é parte obrigatória da velhice. Na cultura ocidental, é característico que a morte seja excluída dos nossos pensamentos pelo tempo mais longo possível. Isso pode aumentar o medo inconsciente da morte, mas tanto a velhice quanto a morte são processos pelos quais todos os seres humanos estão fadados.
É comum na nossa sociedade a negação da morte, isso reflete um homem confortavelmente instalado num universo sem indagações, há a recusa de refletir sobre a morte como um acontecimento que nos atinge pessoalmente.
As pessoas vivem num ritmo acelerado imprimido pelo sistema de produção e não têm tempo para os velhos e doentes, o que os põe marginalizados, causando-lhes horror estar nesta situação, eles sentem que são incompatíveis com os valores da economia industrializada gerando a idéia de que a existência de moribundos e mortos devem ser negadas.
Abordagem Psicológica do Envelhecimento e da Morte
Podemos considerar a morte como a maior das crises que o homem enfrenta. Todos nós enfrentamos crises, algumas superáveis outras não e embora estejam sempre presentes há uma diferença que interfere na possibilidade de seu enfrentamento; na terceira idade as perdas aceleram-se, sendo que o tempo para superá-las é menor. Pode ocorrer, no entanto, o idoso sentir-se incapacitado ou frágil para enfrentá-las instalando-se assim uma crise mais séria. Mesmo considerando que envelhecer e adoecer não sejam sinônimos, não podemos ignorar que determinadas enfermidades são mais freqüentes em idosos. Existem as doenças psicossomáticas e ainda as modificações orgânicas que não são doenças, ou seja, rugas, cabelos brancos, pós-menopausa, postura encurvada, reflexos mais lentos, tudo isto reflete na auto-estima. Todos os conflitos gerados por estas situações, geram a preferência pela morte em detrimento da dor física ou psíquica.
Como se não bastasse há ainda o preconceito contra o envelhecimento, o sentimento de ser um fardo pesado a alguém. A sensação de perdas das pessoas que se ama, da beleza, do vigor, da saúde, da utilidade geram a imagem do “espelho quebrado”.
Abordagem Sociológica do Envelhecimento e da Morte
Nas sociedades primitivas os idosos eram venerados, fonte de sabedoria e experiência, hoje houve inversão de valores, os idosos são marginalizados e perdem sua valorização social.
A sociedade vem assistindo mudanças em relação à imagem do idoso. Em parte, devido ao aumento da expectativa de vida e os problemas decorrentes do despreparo quanto a que atitudes devem ser tomadas tanto no que tange a aspectos sociais de atenção a saúde como a um sistema previdenciário que os apóie. Atitudes preconceituosas têm feito da terceira idade um fardo aos que a possuem. O ideal não é simplesmente prolongar a vida como a ciência temfeito, mas que haja condições favoráveis a uma vida digna onde não haja omissão quanto às condições do idoso.
A verdade é que a velhice não é um problema social, mas a forma com que a sociedade tem lidado com ela tem trazido problemas sociais. A possibilidade de ações multidimensionais, tendo em vista as características da velhice e das suas determinantes biopsicossociais assustam-nos, principalmente a partir do momento da nossa conscientização de que também passaremos por esse processo que nos coloca a uma pequena distância da morte, responsável por nos banir de uma sociedade que pensamos depender de nós, mas que nos transcende. A morte biológica significa o fim do organismo humano, mas o ser social só deixa de existir a partir do momento em que uma série de cerimônias de despedida é realizada e a sociedade reafirma sua continuidade sem ele.
Existe grande diferença entre conceitos pensados como sinônimos. Envelhecimento, idoso e velhice distinguem-se quanto aos seus aspectos.
O envelhecimento é o processo que ocorre durante o curso da vida, onde há modificações biológicas, psicológicas e sociais. O ser humano modifica-se somaticamente do nascimento até a morte.
Idoso geralmente é especificado pelo tempo cronológico, mas existem questões físicas, funcionais, mentais e de saúde que podem influenciar. O idoso é o resultado do processo de desenvolvimento, do seu curso de vida. Faz parte de uma consciência coletiva, a qual introjeta em seu pensar e seu agir.
A velhice é a última fase do processo de envelhecimento. É um conceito abstrato, sendo impossível delimitá-la em tempo ou em características.
Resumos Relacionados
- Psicologia Do Envelhecimento
- Alongamento Na Terceira Idade
- O Envelhecimento
- Aumento De Tempo De Vida - Possíveis Avanços
- Envelhecimento Activo
|
|