O Desafio
(Carlos Augusto)
O Desafio Ando no extremo limite do pavio navego na onde fugidia, batendo no casco do navio me afogo e rogo por uma nova imersão Respiro a plenos pulmões em pleno furacão me reencontro com pequenos passos na imensidão De mãos dadas e peito aberto a solidão Recito em latim arcaico as palavras que preciso Tenho certeza de que estou indeciso Te beijo, beijo a navalha, roçando seu fio deslizo, impreciso, tosco e maltrapilho o português escasso da poesia sem estribilho faço uma prece politeísta da fé desesperada Dou um passo em cada lugar da minha jornada Faço o movimento perfeito no mergulho Aceito com humilde satisfação do orgulho Subo o silêncio da voz firme do barulho peço desculpas, meu presente eu embrulho, peço perdão, em lágrimas me debulho Seguro tua mão com firmeza estou indeciso, tenho certeza Estou apaixonado por tudo que sempre quiz estou pronto pra conhecer quem me fará feliz por um triz, reli a peça, amei a atriz, me desconstruo, me perdi, me refiz No último segundo perdido feito gota no chafariz Olhei o abismo, te beijei, e vi a força motriz Que derrubou Istambul e ocupou Paris O amor, o ódio, a guerra, a esperança a dor, a cor, a flor, a criança Numa ciranda em pleno caleidoscópio Tua pele me serviu o ópio E olhei o destino pelo microscópio A cigana tirou a carta e viu "A lua" no telescópio A cartomante me garantiu que pra sempre serei seu amante a pitonisa adivinhou o que estava adiante e no meio de seus olhos, brilhou o brilho mais brilhante da espingarda bebi a pólvora, de teu corpo nao falha recebi o calor da tua derme, teu cabelo era a malha E recebi do mágico uma navalha sem corte e sem fio da cartola, saiu teu nome, do teu corpo o desafio, Agora estou amando, e é nisso que acredito Agora que vejo os erros, aprendi o que é bonito No meu cérebro, a razão, mas no meu coração é no que confio.
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