Respiração para a Voz e o Canto - 2
(Ana Celeste Ferreira)
PROCESSO RESPIRATÓRIO para a FONAÇÃO: Dentro do aparelho vocal do homem moderno, o ar expelido pelos pulmões no momento da expiração passa pela traqueia, atravessa a laringe e depois a faringe, e sai pela boca, entre os dentes e os lábios, ou pelo nariz, se o véu palatino estiver baixo. Nos vários níveis do seu trajecto, um estreitamento ou fechamento temporário da passagem é suficiente para produzir um ruído: as consoantes. Para que a voz se ouça, o som tem de ser impelido por uma onda sonora regularmente mantida: ao nível da laringe deve formar-se uma vibração periódica. Essa vibração surge pela possibilidade que o homem tem de unir as cordas vocais durante a expiração e de produzir uma série de aberturas-fechamentos que geram variações de pressão no interior da corrente aérea. Se se fecha e abre a “torneira” glótica 220 vezes por segundo, é produzido um som com frequência de 220 hertz, um Lá2.
A vibração laríngea pode ser considerada como o resultado de 3 forças mecânicas: 1 – uma força que tende a manter as cordas vocais em contacto uma com a outra: fechamento glótico. 2 – uma força que tenta afastar as cordas vocais quando elas estão unidas: pressão expiratória ou pressão subglótica. 3 – uma força de reposição que tende a fechar as cordas vocais quando elas estão afastadas e o ar passa entre elas: efeito “retro-respiratório” de Bernouilli. O melhor rendimento sonoro corresponde ao melhor rendimento mecânico, ou seja, a menor quantidade possível de ar para cada tipo de som, ou ao ritmo que terá o maior período de fechamento glótico. E como uma maior duração desse fechamento é facilitada por uma pressão menor, compreende-se porque, entre dois sons com a mesma intensidade e a mesma altura, o que for sujeito à menor pressão de ar vai ser o que terá a cor sonora, chamada timbre, mais rica.
DIFERENTES MODOS RESPIRATÓRIOS E FONAÇÃO: Na respiração calma a inspiração (tempo activo) e a expiração (tempo passivo ou de retorno à posição de repouso) são movimentos rítmicos e de duração semelhante. Durante a fonação pode haver necessidade de realizar inspirações mais rápidas, entrando o ar pela boca e pelo nariz, e expirações mais lentas quando produzimos frases em voz projectada, longas, no meio das quais não é conveniente fazer pausas. Neste caso o tempo expiratório é activo, havendo actividade muscular dos intercostais e abdominais, controlada pelo diafragma. Três tipos de respiração: torácica superior, torácica inferior e abdominal. O temperamento, as disposições do momento, as técnicas respiratórias praticadas reflectem-se nos modos respiratórios; uma emoção forte ou estado de pânico podem, por exemplo, condicionar a elevação do tórax. Na respiração corrente existe geralmente uma combinação dos diferentes modos respiratórios. Na produção de uma voz projectada é necessário um maior alargamento do tórax durante a inspiração e o sopro abdominal. O sopro torácico superior deve-se a uma diminuição de volume na parte superior dos pulmões, sendo responsável, quando se tenta projectar a voz, por um funcionamento forçado da laringe e pelo aparecimento frequente de golpes de glote no ataque do som. O sopro abdominal deve-se a uma diminuição de volume na parte inferior dos pulmões. A acção do diafragma e dos músculos abdominais, ao controlarem o sopro, reduzem o trabalho da laringe, que vai funcionar apenas como vibrador, e não simultaneamente como esfíncter como no caso do sopro torácico superior.
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