Reciclando Dignidades...
(Wilson Linhares Filho)
RECICLANDO DIGNIDADES...
É Possível Sim! Mudar radical ou parcialmente a vida das pessoas dando-lhes oportunidades para que descubram em si que possuem capacidade para recuperar a vontade de viver de forma dígna exercendo sua cidadania. Descobri isso quando comecei a transmitir um pouco dos conhecimentos que adquiri ao longo de minha experiência como Artista Plástico. Em janeiro de 1997 recebi um convite para trabalhar com adolescentes em "estado de risco social", era assim que se chamava o público alvo de minha responsabilidade, em um projeto do Governo do estado do Ceará, hoje extinto, vindo a aceitar o desafio comecei a ministrar uma oficina de reciclagem de sucata de ferro. Começamos adquirindo sucata de automóvel, pegamos um carro do projeto e com alguns garotos fomos as oficinas de carro pegando toda sucata que podíamos. Logo passamos a limpar toda ela e a separar por tamanho e forma e logo a seguir pedi aos garotos para observar as peças e tentar criar algo que lhes viesse à mente, nisso ia auxiliando buscando as infinitas possibilidades. Ora, essa parte era para dispertar a sencibilidade e comecei a soldar alguns trabalhos e mostrar como ficavam depois de prontos. O interesse deles aumentava proporcionalmente au ver realizado em tão pouco tempo objetos de arte que jamais imaginaram ser capazes de fazer. Aos pouco fui introduzindo as técnicas relativas ao trabalho de uma oficina de metalurgia além de noções de Segurança no Trabalho, Pintura, Manutenção das Máquinas e etc e etc. Cria-se um vínculo com essas pessoas, só quem trabalhou com eles é capaz de saber o quanto passam a ser importantes em nossas vidas e sabemos que deles também é muito grande a satisfação. Produziram muito nos três anos que passei como Instrutor Educacional, passaram muitos garotos pela oficina de Reciclagem de Metais, carinhosamente apelidada de Solda Artística e ainda hoje me emociono ao encontrar alguns deles trabalhando com solda em metalurgicas ou noutra função qualquer, mas quando me encontram, aquele sorriso estampado em seus rostos veem para mim e dizem: - Professor!...
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