COMO NÃO FALAR COM SEU FILHO
(Carol Dweck)
COMO NÃO FALAR COM SEU FILHO
Thomas é um garoto de Nova York e atualmente cursa o condizente à 4ª. série no Brasil. Seu grupo de amizade se resume em cinco colegas, chamados de os “meninos inteligentes”.
Desde pequeno ouve todos, família e sociedade, que é muito inteligente. Entrou numa escola na infância onde é preciso fazer teste de Q.I., e ele ficou entre os primeiros. No entanto, ao passo que ia crescendo, o seu pai notou que havia insegurança em muitas das suas atitudes, quando não conseguia desempenhar algo, simplesmente recuava e se hesitava em fazer. Dividiu o seu mundo em “sou bom” e “não sou bom”.
Como exemplo, quando o professor exigiu que a classe fizesse letra cursiva. Ele não conseguiu de primeira, e se indispôs a exercitar a letra. Somente com muita conversa e o pai lhe dizer que os inteligentes também têm que se esforçar é que ele começou a escrever.
O sistema público de Nova York estuda estes casos e mostra que crianças muito inteligentes subestimam a sua capacidade, principalmente quando se é dito a elas sempre que são inteligentes. Têm que ser perfeitas o tempo todo, se cobram muito.
Numa pesquisa feita em uma escola, as crianças foram levadas individualmente a fazer um teste com perguntas fáceis. Algumas foram elogiadas pelo seu esforço, outras, por sua inteligência. Na segunda rodada, havia perguntas fáceis e outras mais difíceis. Resultado, as crianças que foram elogiadas pelo esforço escolheram as difíceis, as que foram elogiadas pela inteligência, escolheram as fáceis, ou seja, manteriam o parecer inteligentes, não errando.
Concluiu-se que a criança pensa, “sou inteligente, não preciso me esforçar, pois tenho os meus dons naturais”.
Em uma escola, voltada para ciências e saúde, a Life Sciences, foi feito um trabalho com 700 alunos com baixo nível de aprendizado onde fizeram workshops para dois grupos, ao primeiro, ensinou-se técnicas de estudo. Ao segundo, técnicas de estudo e um módulo especial sobre como a inteligência é inata. Você pode desenvolvê-la porque um cérebro é um músculo que, quando exercitado, produz mais neurônios. Surpreendentemente, o segundo grupo se saiu melhor nas provas.
A crença no poder da auto-estima vem desde 1969, com o livro publicado por Nathaniel Branden, The Psychology of Self-Esteem (A Psicologia da Auto-Estima) e a competição passou a perder espaço para elogios sem fundamentos às crianças. Estudos foram feitos até o ano de 2000 mostrando a auto-estima relacionada a sexo, carreira, porém com conclusões contraditórias.
Em 2003, a Association for Psychological Science pediu ao doutor Roy Baumeister, defensor da auto-estima naquela época para fazer uma revisão no conceito. Concluiu que auto-estima alta não melhora a realização da pessoa, e não diminui o seu vício ao álcool ou a ser violenta. Ele diz ter sido a decepção da sua vida esta conclusão.
Baumeister diz que elogios estão mais ligados ao ego dos pais. Elogiando os filhos, estão se elogiando. Assim, o elogio precisa ser sincero e específico, pois as crianças maiores de 7 anos percebem quando o elogio é falso ou imerecido.
Para adolescentes, o elogio significa um incentivo a mais, uma forcinha, enquanto a crítica os faz acreditarem mais e pensar sobre a questão, melhorando sua performance.
A professora de Psiquiatria da Universidade de Nova York, Judith Brook mostra que é a credibilidade do elogio que faz a diferença, senão até mesmo quando for sincero, a criança não vai mais acreditar.
Especialistas do Reed College, em Portland, e da Universidade Stanford concluíram que uso indiscriminado do elogio fizeram os alunos serem menos persistentes nas tarefas, procurando no professor alguma segurança, tipo respostas em tom de perguntas.
Carol Dweck, maior pesquisadora no assunto, mostra que essas crianças tentammanter a imagem sendo competitivas e tentando derrubar os outros. Em outro estudo, após receberem os boletins, perguntados pela atuação, os alunos elogiados pela inteligência, 40% mentiram, aumentando suas notas, e aqueles elogiados pelo esforço, poucos mentiram.
Mostra também a timidez como fator de orgulho, onde a pessoa quer sempre causar boa impressão, maquiagem então para um possível tropeço.
Como remédio ao fracasso então, Carol diz, persistência, porque é uma forma consciente e também inconsciente da vontade. Como assim. O doutor Robert Cloninger, da Universidade de Washington, diz que há uma parte no cérebro que diz “Não desista. Há dopa (recompensa química) à vista”. Diz que esta “luzinha” há regularmente em algumas pessoas, em outras, quase nunca.
O elogio é uma espécie de recompensa dos pais atuais, atarefados, que vêem pouco os filhos. Integram eles em escolas e em atividades que pressionam, para depois, terem como papel apenas elogiá-los e mimá-los.
Diz-se que o auto-conceito do que é a criança deve ser entendido por ela mesma. E se a conclusão for errada, pergunta-se. Os pais têm bom senso para isso, não acha. Há várias formas de conduzir uma criança em seu caminho sem precisar segurá-la no colo. Bom senso também se exercita.
(Quero deixar aqui o meu testemunho, o quanto este texto foi importante para mim, mãe de 3 filhos pequenos e cheia de todas as ansiedades de quem está conduzindo almas a mim creditadas por Deus. Não as carrego, vejo-as darem os seus passos, carregar, só para os bons e sinceros elogios. Quando caem, digo, persista... É isso aí.)
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