O Labirinto Perdido
(Kate Mosse)
O Labirinto Perdido Um dos motivos que me levou a comprar este livro de entre todos os possíveis foram as criticas que li na contracapa, Val MacDermid diz entre outras coisas “Roí-te de inveja, Dan Brown, isto é que é.”, sendo eu uma leitora compulsiva, e tendo devorado de um ápice O Código da Vinci e quase todos os livros de Dan Brown que se seguiram não pensei duas vezes e comprei. O que me leva a escrever sobre ele é muito mais do que todas as criticas altamente abonatórias que escreveram sobre ele, não é também porque adorei o livro e porque estou à espera de que passe algum tempo para o reler, é sobretudo porque quero com isto prestar uma homenagem a todas as Alices de este mundo e em particular à Alice que já partiu, a minha mãe. Quando comecei a ler o livro dei-me conta de que as principais personagens deste livro são uma Alice arqueóloga contemporânea, e uma Alaïs da França Medieval. Se tinha começado por achar o livro interessante, apaixonei-me ao segundo ou terceiro parágrafo. A minha Alice podia ter sido as heroínas desta história, lutadora, piedosa, humana e humanitária, aventureira, se calhar aquilo que toda a gente pensa e sente pelas mães, mas a minha foi muito mais do que isso. Foi a super mãe, a super amiga, a super avó, a super mulher, e ainda hoje, passados dois anos da sua morte, acontece cruzar-me na rua com pessoas que a conheceram, que continuam a comunicar-me o pesar que sentem porque ela já não está entre nós. A minha mãe podia mesmo ter sido elas, as Alices deste romance, a Alice do País das Maravilhas, ou um Robin dos Bosques no feminino, podia ter sido todas as personagens reais ou fictícias, que às vezes sem saber muito bem porquê nos marcam, de maneira indelével. Era a minha mãe tinha que me marcar é claro, mas deixou marcas em todos os que tiveram a sorte de se cruzar com ela, tinha o dom de conseguir, com o seu olhar extremamente meigo, convencer as pessoas a fazer o que achavam impossível, alimentou gente que tinha fome, tratou pessoas que se recusavam a tratar, arranjou emprego a quem queria trabalhar, e criou sozinha três filhas, num tempo em que as mulheres não se divorciavam, em que não trabalhavam, em que eram só educadas para serem esposas e mães. A minha foi tudo o que era possível ser e lutou por mim, pelas minhas irmãs o impossível. Só não consegui vencer o cancro que a matou, mas até contra isso lutou, na luta mais desigual e desumana que pode existir e um dia teve que desistir, claro que foi vencida. Perguntar-se-ão o que tem a minha mãe a ver com o livro? Tudo, o prazer que ela teria se o tivesse lido é uma delas, a fé, o espírito de sacrifício, e ao mesmo tempo a coragem e determinação que são comuns à minha mãe e ás protagonistas do livro outra das razões, e porque esta será a única maneira que encontro, para prestar uma homenagem pública ás Alices deste mundo e em particular a ti mamã. Não sou capaz de fazer um resumo deste livro, porque ele é a minha mãe, eu vejo a minha mãe a cavalgar, com os seus longos cabelos negros ao vento quando aparece a Alaïs, vejo a minha mãe como a Alice arqueóloga, com o seu ar descrontaído mas um pouco triste e desiludido em todas as páginas que li, por isso só posso dizer, comprem, leiam, devorem, deliciem-se e façam também o favor de ser felizes.
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