A Corrupção no Brasil
Lançado em agosto de 2005, no auditório do Palácio do Comércio e Indústria de Imperatriz (Maranhão, Brasil) o livro A Corrupção Entrava o Brasil, de José Ribeiro de Oliveira, delegado da Polícia Civil maranhense e professor universitário.
Com o saudável didatismo de sua experiência de professor, o autor distribuiu as 206 páginas em nove capítulos, os dois primeiros dedicados à contextualização histórica e política e, os cinco seguintes, específicos para tratar das relações da corrupção com a Ética e a Moral, a Lei e a criminalidade, os Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), bem como aspectos materiais e não-materiais da corrupção. Os capítulos seguintes tratam do Sistema de Segurança Pública e da Administração Pública, esta à qual o autor concede o benefício da dúvida ao indagar se seria “bicho-de-sete-cabeças”.
Nas partes finais do livro, José Ribeiro de Oliveira, além da conclusão, traz um apanhado de treze leis brasileiras com as quais as conseqüências dos atos corruptos devem (ou deveriam) se encontrar. Por último, o autor brinda o leitor com um anexo onde, em textos em prosa e verso, confere-se “um tributo à honestidade” e manifesta-se uma indignação cívico-político-social.
A Corrupção Entrava o Brasil é o terceiro livro de José Ribeiro de Oliveira, que havia publicado O Fantasma das Drogas (de 2002) e Instituições da Polícia Civil (1996).
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Desde o ano passado que José Ribeiro de Oliveira tentava a publicação desse seu mais recente livro. Portanto, foi só uma coincidência o fato de a obra estar sendo lançada agora, quando explodem em nosso país e na nossa cara sucessivos casos de corrupção em série.
Está certo o autor quando, a partir do título, reafirma o efeito danoso da corrupção no processo de desenvolvimento do Brasil (e de qualquer nação).
Pesquisas nacionais e internacionais provam e reprovam o comportamento imoral, abjeto, de políticos (sobretudo os com mandato), autoridades, dirigentes e servidores públicos, que se aproveitam da posição que têm e praticam continuada e descaradamente a corrupção. São propinas, participações societárias secretas, indicações de cargos e outras mil coisas mais que são pedidas a empresários e empreendedores. Estes, em diversos países, têm-se declarados envergonhados. Resultado: no campo da administração pública, menos dinheiro para gastos sociais; no campo da Economia, mudança de endereço de potenciais investimentos. No final das contas, mais pobreza e miséria em desfavor de quem já é pobre e miserável.
Já existe um índice mundial de corrupção. E o Brasil está bem mal nele. A corrupção, juntamente com o desperdício (em alimentos e obras, por exemplo, além de horas de trabalho) está puxando para baixo nosso país. Um breve passeio por um dos capítulos do livro do professor Oliveira revela o quanto este país tem sido submetido à ganância desmedida, ao cinismo deslavado dos corruptos e corruptores.
O capítulo que trata da “corrupção nos Poderes” traz números que representam valores (em reais e em dólares) com as quais a grande maioria da população brasileira sequer sonha, embora padeça dos males que a ausência desse dinheiro causa, quando retirado de sua finalidade legal, moral etcétera e tal. Toda pessoa decente, minimamente detentora e consciente de sua cidadania, deve se indignar quando, com base em documentos e referências críveis, o livro mostra bilhões e bilhões sendo roubados e desviados. São desvios anuais de R$ 76 bilhões aqui, mais R$ 10 bilhões ali, outros desvios de 57 bilhões de dólares em quatro anos acolá. Daí vêem-se mais 200 milhões de dólares em contas secretas, mais R$ 500 milhões em superfaturamento, mais 30 bilhões de dólares tirados do país por traficantes, contrabandistas e políticos (e já se faz pouca distinção entre políticos e os bandidos).
O passeio (use botas de plásticos de cano alto) passa por “migalhas” de, entre outros, Georginas e Nicolaus -- humildes batedores de carteira ante os assaltantes mascarados (de gente séria) que roubam bilhões. Mais adiante registra-se um desvio de R$ 694 bilhões, além de sonegação de R$ 172 bilhões, mais R$ 55 bilhões em socorro para empresas quebradas e mais desvio da ordem de R$ 20 bilhões relacionados às prefeituras dos diversos municípios brasileiros.
Não pense que pára por aí. A sanha e insânia dos arrombadores dos cofres públicos, dos estupradores da infância, da educação e da saúde (que sangram de morte, lenta e inexoravelmente), essas sanha e insânia são tão grandes que não cabem em um só livro e, muito menos, em um limitado espaço de jornal.
O leitor imperatrizense deve ter em mãos este livro. Em mãos -- e na mente. Se a corrupção entrava, atravanca, emperra nosso país, a informação, a formação, a afirmação, sem esquecer a eleição, podem libertá-lo, desterrando -- oh sonho! -- para longe de nossa convivência, para os esgotos, esses ratos roedores do patrimônio financeiro e ético de nosso país.
(EDMILSON SANCHES -
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