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Elogio da Loucura
(Erasmo)

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A Loucura é o vinho que inebria o coração de
homens e deuses – que nada mais são do que traços arquetípicos dos homens
- enchendo-nos da alegria peculiar que
esta traz arraigada em si.
Embora renegada por muitos, por parecer algo pouco
enaltecedor, ela se faz presente em todos. A Loucura
é filha de Plutão e da ninfa Juventude, nascendo nas Ilhas Afortunadas, onde
tudo se colhe sem sequer semear, onde as palavras trabalho, velhice e doenças
não existem; quando nasceu, ao invés de chorar, como o fazem todos os
recém-nascidos, ela logo gargalhou para a mãe, foi amamentada pelas ninfas
Embriaguez – filha de Baco – e Ignorância – filha de Pan. As companheiras da
Loucura são a Philautia (amor próprio), Lethes (esquecimento), Misoponia
(preguiça), Hedones (volúpia), Anoia (irreflexão), Tryphe (moleza), junto aos deuses Komo (a boa mesa) e Nigreton
Hypnon (sono profundo). A Loucura garante a perpetuação da espécie, fazendo com
que até os deuses, vejam-se na insânia de se fazerem na aparência de meros
mortais para deitarem-se com humanas; todos se ensandecem quando apaixonados, e
se assim não fosse, não haveria a continuação da humanidade. Há nas crianças e
nos velhos o gérmen puro da loucura. A loucura prolonga a idade, assim o é com
os belgas, que quanto mais envelhecem, mais ainda se tornam loucos, assim como
seus vizinhos, os holandeses, que tem até o apelido de “holandeses loucos”, e
disso se orgulham. Ela domina os deuses,
que em meio aos banquetes, se alegram com a bebida de Baco e a Flauta de Pan. A
loucura mantém os casamentos, pois com um beijo esquece-se todas as mágoas e
ressentimentos, rege as guerras, pois não há coisa mais sem sentido que iniciar
um combate por, sabe-se lá que motivo escuso. Todos os governos que se
mostraram sábios ruíram – está aí a monarquia que não deixa mentir – e os que
se fizeram loucos triunfam, aliás, quanto mais louco um líder, mais popular ele
se torna, os bobos da corte são os preferidos dos reis; assim o é na vida dos homens, aqueles que se
dedicam à sabedoria, acabam se tornando amargos, já os que se entregam às
futilidades, estão sempre sorrindo. As artes são todas frutos dela, pois
aqueles que se dedicam a fazer algo em nome da arte, estão buscando apenas
nome, fama, e para isso, passam dias e noites em claro, atrás desse vão
propósito, encontrando na loucura de outrem o reconhecimento que tanto
almejava, os teólogos passam fome, os físicos passam frio, os astrólogos são
motivo de galhofa. As religiões e
superstições são as maiores loucuras, pois fazem um indivíduo crer que com tal
e qual comportamento, obterá sucesso no campo desejado. Com tudo isso, nota-se
que a Loucura se faz tão antiga quanto a própria consciência humana, e torna a
vida mais amena e suportável.



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