Crítica à atual prática odontológica e suas relações com a formação de recursos humanos odontológic
(Jorge Cordón)
A prática odontológica passou por vários estágios desde a ocupação indiferenciada com que certos indivíduos exerciam até o profissional “liberal” formado a partir da Escola de Baltimore em 1841. Em todos os estágios a prática manifestou-se eminentemente artesanal. O modelo adotado pelo Brasil para que haja melhoria nas condições de saúde bucal da população é ineficaz por alguns fatores: a profissão possui a ideologia liberal, observa-se que 75% da força de trabalho profissional se dedica a clínica privada atendendo somente aos mais ricos (cerca de 2% da população). Existe também o problema com a sofisticação material e técnica, a qual leva um agravamento de custo, novamente restringindo a população a ser beneficiada.
Há ainda a monopolização do conhecimento científico, bem como da possibilidade de executar tarefas em pacientes, sem a utilização de técnicos-auxiliares o que limita o benefício da comunidade e a dependência técnico-cultural e política que ao mesmo tempo em que determina e conforma um tipo de prática, também o faz em relação dos recursos humanos criando um círculo vicioso. A odontologia tem sido deficiente em sentido de totalidade social. Os esforços para atender as classes menos favorecidas são quase nulos para que isso se modifique tem que haver uma preocupação com a essência da odontologia. Hoje, o cirurgião dentista, dono dos instrumentos e dos conhecimentos para produzir a saúde bucal, explora a satisfação dessas necessidades como mercadoria para que seja rentável, entra na reprodução da sociedade de consumo e não considera a necessidade coletiva.
O que é ensinado em muitas escolas e faculdades de odontologia acaba muitas vezes alienando o estudante não evidenciando os contrastes que a prática odontológica tem no momento de estar imerso no processo social de produção. Tendo noção da realidade ele tomará consciência e desenvolverá conhecimentos científicos e tecnológicos, habilidades e atitude que lhe permitirão colaborar na prática odontológica. No campo da docência, os recursos humanos odontológicos a serem formados devem gerar uma crítica possuindo suficiente conteúdo teórico-prático para modificar os enfoques atuais da graduação que obstaculizam o desenvolvimento de uma odontologia formada aos interesses da sociedade global. O enfoque social no currículo visa a integração entre os elementos da ciência, técnica biológica e física com elementos econômicos e sociais permitindo a análise de relação com o processo de desenvolvimento da sociedade brasileira. Assim o profissional formado em odontologia possuirá novas perspectivas de trabalho e não as tradicionais. Com a pesquisa é permitido ao aluno um melhor conhecimento científico, através de prestações de serviços odontológicos ‘a comunidade leva a prática elementos renovadores, formas de simplificação de ações odontológicas ligadas a diminuição de custos, alta qualificação de atendimento, etc. A mudança de tecnologia educativa poderá ser financiada por instituições públicas assim como a própria população sempre que se procure lucro zero. Sem dúvida, é necessário mudar a essência da odontologia, focalizá-la nos estudantes fazendo com que interajam com a sociedade para que se crie uma maior preocupação social e não deixar de uma forma tão voltada ao mercantilismo. Só assim haverá melhoria nas condições de saúde bucal da população brasileira.
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