Conceitos Fundamentais da História da Arte
(Heinrich Wölfflin)
Mostrando que as formas artísticas se repetem e se intercalam ao longo do tempo, Heinrich Wölfflin expõe em seu livro Conceitos Fundamentais da História da Arte[1], as leis que orientam a percepção estética dos movimentos culturais e períodos estilísticos. Ao apresentar a história da arte através de seus aspectos formais, este teórico descreve os conceitos clássico e barroco como formas antagônicas de beleza que levam a arte para dois estágios culminantes e de igual importância. Para melhor compreensão destas formas opostas, Wölfflin as divide em cinco pares de características elementares, que são linear e pictórico, plano e profundidade, forma fechada e forma aberta, pluralidade e unidade, e, clareza absoluta e luz relativa. Para a forma clássica os aspectos analisados são: a linearidade, a percepção espacial através de planos sucessivos, a forma fechada, a pluralidade e a clareza absoluta. A característica linear busca a beleza do objeto através da linha. Esta distingue uma figura da outra, busca o contorno, mostra as formas nitidamente e confere a sensação de algo tangível e estável à obra de arte. Sendo um elemento da linha, o plano estimula a percepção espacial do objeto visual através de camadas dispostas paralelamente. O alinhamento de figuras ressalta as camadas planas na arte clássica. A forma tectônica “reside no caráter da inevitabilidade, segundo o qual nada pode ser alterado ou removido”[2], ou seja, a forma fechada está no equilíbrio constante entre as partes e na equidade que não permite a entrada nem a retirada de objetos na obra. Outro aspecto desta característica é a posição assumida pelas linhas horizontal e vertical, que produzem um eixo central e estimulam simetria do objeto artístico. A pluralidade prescreve que “a parte é condicionada por um todo e, no entanto, não deixa de possuir vida própria”[3], ou seja, os elementos não são condicionados pelo motivo principal do objeto artístico e sim pela sua totalidade. O último aspecto a ser observado na forma clássica é a clareza absoluta, que consiste em dar ao objeto artístico o grau máximo de nitidez, mostrando as peças em sua forma ideal, com todos os seus detalhes. Por sua vez, estes objetos são concebidos em ângulo frontal para ganharem maior claridade. A clareza absoluta é a forma límpida de imagens perfeitas. Todas estas características estão interligadas, uma induzindo a outra, concebendo a arte sob a tutela de um mesmo ideal clássico de beleza. Para a arte barroca as características observadas são o pictórico, a profundidade, a forma aberta, a unidade e a clareza relativa. Através do aspecto pictórico a linha perde seu caráter delimitador e as formas se tornam passíveis de união. O contorno deixa de ser valorizado em detrimento das massas cromáticas. O movimento é enfatizado para dar efeito teatral à obra de arte, e, os elementos se tornam instáveis para evidenciar a “apreensão do mundo como uma imagem oscilante”[4]. Apenas a aparência óptica é reproduzida. Na forma barroca a percepção espacial é feita através da profundidade, que está diretamente ligada à representação da luz e à imprecisão do contorno. A forma aberta faz desaparecer a harmonia perfeita entre as partes, a obra deixa de se equilibrar entre horizontais e verticais. A diagonal torna-se a direção principal e a simetria perde importância. A configuração atectônica permite a entrada e retirada de objetos secundários que compõe a cena, pois estas ações não afetariam a equidade da obra. Por sua vez, a unidade é a junção de todos os elementos subordinados pelo motivo principal da obra, ou seja, os objetos secundários perdem seu sentido fora da obra. Por fim, há a clareza relativa que busca a inconsistência e oferece apenas pontos básicos para visualização da forma, deixando os detalhes ocultos ou a cargo da imaginaçãodo expectador. Sua percepção visual é baseada em vários ângulos, fato que diminui a importância da visão frontal do objeto artístico. Todos estes aspectos estão entrelaçados, misturados e condicionados em sua essência formal, evidenciando a arte sob um ponto de vista barroco. Portanto, Wölfflin expõe as leis que regem a arte em relação aos seus aspectos formais, evidenciando a repetição das formas clássica e barroca ao longo do tempo, levando a história dos objetos artísticos a dois ápices dissonantes em suas características, mas, de equivalente valor. Deste modo, o autor do livro Conceitos Fundamentais da História da Arte mostra a história equiparada às ciências naturais, com suas regras e normas, pois a experiência se torna base para “novos” formatos. [1] WÖLFFLIN, Heinrich. Conceitos fundamentais de história da arte. 2 ed. São Paulo: Matins Fontes, 1989. [2] Idem. p. 135. [3] Idem. p. 16. [4] Idem. p.15
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