Piratas das Caraíbas I
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O realizador Gore Verbinsky não é propriamente um nome a destacar no panorama cinematográfico actual: da sua escassa filmografia constam filmes como "Não Acordem o Rato Adormecido" (1997) e o recente (e fraco) "The Ring" (2002). Mas eis que lhe surge a oportunidade, assente num avultado orçamento, de tentar reanimar um género pouco explorado recentemente: o dos filmes de piratas. E o que é certo é que o filme acabou por ser um dos grandes blockbusters do Verão americano e promete vir a ser um sucesso em Portugal. O capitão Barbossa (Geoffrey Rush) comanda o “Pérola Negra”, a grande ameaça pirata ainda existente, em busca da última moeda de ouro Azteca que, em conjunto com o sangue do descendente do antigo pirata Presilha Bill, permitirá, a si e à sua tripulação, livrarem-se de uma terrível maldição que os mantém como mortos-vivos. Essa moeda está nas mãos da bela Elizabeth (Keira Knightley), a filha do governador que desde pequena alimenta um fascínio por piratas. Aliás, foi em pequena que Elizabeth adquiriu essa moeda, das mãos de Will Turner (Orlando Bloom), um miúdo salvo por ela. Agora, Barbossa conseguiu finalmente capturar Elizabeth e a moeda, levando-a consigo. Face à passividade das autoridades, Will Turner parte em busca de Elizabeth (por quem nutre uma paixão secreta) com a ajuda do caricato pirata Jack Sparrow (Johnny Depp), o único conhecedor do destino do “Pérola Negra”. Enfrentando inúmeros perigos, Will e Jack tentarão eliminar os piratas e salvar Elizabeth. Piratas das Caraíbas é, no essencial, um filme de puro entretenimento. E, há que reconhecer, de entretenimento competente e de qualidade. O velho imaginário dos piratas consegue, de facto, ser recriado com uma excelente composição dos cenários e do guarda-roupa. Mas não só: as boas interpretações de Johnny Depp e Geoffrey Rush são essenciais na criação desse imaginário. Há, sobretudo, que destacar a grande interpretação de Johnny Depp e a brilhante composição que faz do pirata Jack Sparrow. Ele é alma de Piratas das Caraíbas e a sua personagem arrisca-se a transcender o próprio universo do filme. O argumento assenta numa interessante e coerente história e é concretizado com eficácia e competência pelo realizador. O principal problema do filme é a sua falta de ambição. A certa altura, o filme perde o seu fôlego inicial e arrasta-se alimentado por um conjunto dos mais batidos lugares comuns. A criatividade e originalidade foram-se esbatendo vertiginosamente à medida que o tempo ia passando. E só regressaram um pouco antes do final, no momento decisivo para a história. O final do filme é, porém, absolutamente previsível e encerra em si o maior “cliché” de todo o filme. A única semi-novidade que apresenta é o anúncio implícito de uma sequela (ou várias), aliás já esperada, tendo em conta a introdução de um subtítulo (A maldição da Pérola Negra) no título Piratas das Caraíbas. Apesar das suas imperfeições e fragilidades, o filme é um entretenimento de qualidade e um regresso bem sustentado da temática dos filmes de piratas. É um projecto meritório que parece ter relançado o género, que assenta numa boa história e que é servido por excelentes actores. Mas não é, decididamente, um grande filme nem um épico memorável. Aliás, parece ser o próprio filme a rejeitar essa pretensão, a avaliar pela falta de ambição que demonstra. Acima de tudo, falta-lhe rasgo e convicção das suas próprias (e amplas) potencialidades. No final, a sensação que fica é a de que o filme pretendeu apenas auscultar se o género resultava junto do público. Agora que se constatou que resultou, esperamos que as próximas sequelas apresentem maior rasgo e ambição. A bem dos piratas… e dos amantes do cinema de aventura!
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