A desnutrição cívica e cultural de nossa sociedade.
(Moni 'Sangue Verde' Abreu)
A respeito dos fatos noticiados em 18 de abril de 2007 sobre o Acórdão 560/2007 Sejamos sinceros e principalmente, não sejamos cegos. Toda estória tem dois lados. Ou mais!Fazer crer que uma entidade como o CIMI seja a representação das vozes indígenas deste país é o mesmo que pedir a Hannibal Lechter que defenda sua próxima vítima.
Embora se diga “ecumênica” o CIMI, Conselho Indigenista Missionário , nascido na ditadura militar foi duramente criticado no quesito “contaminação religiosa” por Coxiní Karajá, líder de 600 pessoas na aldeia Fontoura, Ilha do Bananal, Tocantins e por Paulo Bororo, líder de aldeia com 350 pessoas, na Reserva do Meruri, Mato Grosso do Norte.
O CIMI possui um “braço” da Pastoral Indigenista, destinado à “formação de lideranças indígenas e missionários que atuam junto aos povos indígenas”, vinculado ao CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e chamado Centro de Formação Vicente Canhas. Deveria se chamar Centro de deformação Vicente Canhestro, dada a intenção maligna de seus atos injuriosos.
Esses “ecumênicos” adentram as aldeias através da imagem de assistentes sociais, embora sejam apenas transgressores em prol de um assistencialismo travestido de salvação. Deterioram os modos, a língua e principalmente a religião. Não preciso ir muito mais além do meu raciocínio pra ver o quanto, não só as culturas indígenas estão (se)perdendo, quanto nossa própria cultura e história, nas mãos daqueles que foram os primeiros a matar milhões de nativos brasileiros há 500 anos.
Líderes de muitas etnias, que se deram conta do seu massacre cultural, dão poder de representação apenas ao IDETI , Instituto de Desenvolvimento das Tradições Indígenas, criado por eles mesmos e que vem tentando resgatar o que já foi perdido de algumas culturas e evitando novas contaminações. Para quem teve a oportunidade de assistir ao evento RITOS DE PASSAGEM , promovido pelo IDETI no ano passado no Museu da República, no Rio, lembra do rosto radiante dos participantes, com um discurso repleto de mágoas do passado e cheio de auto-estima renovada. Uma prova de que nem tudo está perdido, desde que esteja fora das mãos “santas” dos missionários e da religiosidade da “verdade” na base social.
Esta questão de disputa de interesses, veiculada também pela CIMI, na verdade foi promovida pelo Movimento dos Povos Indígenas do Acre, sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia. Para bons leitores, está lá no texto, muito bem construído, todo o descrédito que os religiosos recebem. Uma frase muito me surpreendeu “Assimilacionismo significa perda completa de identidade”. Muito bem dita! Sem trocadilhos!
O CIMI, assim como o CPT (Pastoral da Terra), a PO (Pastoral Operária) entre tantas outras siglas, sub-repticiamente bem instauradas pela CNBB e outras igrejas, são cegamente aceitas por grande parte da população como “benfeitores da humanidade”. Não pensem vocês que estes grupos primam pela promoção da CIDADANIA ATIVA. Muito pelo contrário, são na verdade matadores de culturas, massificadores de realidades e detentores de uma “verdade única salvadora” que não permite a diversidade, portanto preconceituosos. Já me questiono até da intenção do CIMI estar tão envolvido nestas questões político-interesseiras mesmo tendo sido rechaçados no documento oficial do Movimento. O que será que eles ganham com isso?
A questão focal dos eventos que foram relatados na reportagem é basicamente um problema político, embasado nos interesses econômicos mundiais dominantes e no próprio discurso Lullista de “desenvolvimento “pro bem”, sem ver a quem”. E isso todos nós estamos sofrendo na pele, pois não se enganem: a floresta amazônica, a caatinga, o cerrado, os pampas e a Mata atlântica são tanto indígenas quanto dos neo-brasileiros!
Se estamos assistindo a esse massacre de nossas riquezas e patrimônio em prol de um desenvolvimento burro é porque estamos permitindo. E não acredite que isso acontece longe de nossos olhos, lá nas distantes tribos interioranas de NOSSO solo nacional. Esse massacre já vem acontecendo há décadas. Primeiro exterminaram nossa consciência e nossa noção de ética (onde elas foram parar?), depois acabaram com a inteligência política laica (onde está a isenção e a imparcialidade?) e por fim, extinguiram nossa coragem cívica (quem lutará por seus bens por direito e pelo futuro dos seus descendentes?).
Que não esperemos que os “CIMIs“ nos ajudem e “libertem”, pois a intenção deles não é para esta vida, nossa existência neste mundo, é para uma “outra vida” em outro lugar qualquer!
Gritemos a plenos pulmões em língua guarani: Co yvy oguereco yara!Esta terra tem dono!sangueverde.multiply.com
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