?a Virgem E O Cigano?
(D.H. Lawrence)
Uma mulher presa que se deseja libertar sensualmente, ter prazer, mas mais ? sentir a vida, entrar na vida, uma outra vida: animal, misteriosa, obscura, forte, descontrolada. Parece ser tema recorrente na obra de D.H Lawrence e o que liberta as suas mulheres é um homem, este, um cigano viril de olhos escuros, algo de animal.
Os homens são para estas mulheres um choque com a brutalidade da vida, um encontro de perdição com uma face sombria da vida. Será a forma como convivem com este abalo, por elas esperado, aliás, que as definirá enquanto mulheres. No caso de "A Princesa", um pequeno conto, chega mesmo a dar-se uma morte, ela torna-se prisioneira, mata o homem, foge e nega o que aconteceu; no caso de "A Virgem e o Cigano", Ivette vai adiando o seu encontro definitivo com o cigano; já de si adiado por vários acasos, mas que, nas suas mãos, não toma rumo. Ivette não se decide. Acaba por haver uma enxurrada e ela é salva pelo cigano. Reserva-se para um futuro um novo encontro.
O romance termina com a carta do cigano e com o reconhecimento da identidade do homem pela parte de Ivette; ela apercebe-se que ele tem um nome. Até ali ele tinha sido apenas uma sombra, uma força escura que a desinquietava e que a levava a desprezar o que a rodeava, até mesmo a procurá-lo. A partir dali ela identifica-o, tem um nome para aquela magia sedutora que a soçobrava. A sua paixão ganha cara e o que fará agora Ivette?
D.H. Lawrence deixa a história eternamente parada, não sabemos o que escolheria esta mulher, querendo libertar-se não quer perder-se, querendo entregar-se, quer ser capaz de voltar à segurança do templo e será talvez uma fatalidade que a percorrerá.
Ivette não convive com coisas fáceis. A sua família é muito forte dentro dela mas a força desta é a do vento na areia, aos poucos muda a duna, a força do cigano é a do furacão, em segundos mata a duna.
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