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OS GRITOS DE VLADO HERZOG
(Gilberto de Mello Kujawski)

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Em outros tempos, a juventude se entusiasmava pelo futuro, empenhando-se em torná-lo realidade. Atualmente, trocou o ideal distante pelo proveito presente, colhido aqui e agora, de preferência sem esforço. São tempos pragmáticos. Nem o futuro nem o passado magnetizam o jovem de hoje e raramente a televisão, instrumento preferido de lazer da juventude, produz programas dedicados à recuperação da memória, recordando períodos históricos afastados e biografias de pessoas proeminentes. O importante documentário de João Batista de Andrade – 30 ANOS SEM VLADIMIR HERZOG, por exemplo, só foi levado por um canal de televisão por assinatura e, no entanto, este filme deveria ser conhecido pelos jovens que não eram nascidos à época, para tomarem conhecimento dos horrores que nos castigaram naqueles anos de chumbo e para ficarem alertas evitando que tudo se repita. Neste filme sobre o assassinato de Vladimir Herzog, jornalista, professor universitário, editor da revista Visão e diretor do departamento de telejornalismo da TV Cultura, talvez o mais impressionante tenham sido as declarações de seus companheiros de prisão, que ouviram seus gritos terríveis na tortura: primeiramente, gritos saídos da garganta, depois, urros espantosos vindos do âmago, das entranhas do prisioneiro, próprios de uma pessoa nos limites da resistência. Após algum tempo os gritos cessaram: Vlado estava morto! Antes disso, os torturadores obrigaram-no a escrever uma carta, na qual confessava sua filiação a luta armada (a arma dele eram as letras) e denunciava companheiros, entretanto, na hora de assiná-la, Vlado foi tomado pela indignação e rasgou o papel em pedaços. Um ato heróico que determinou sua execução sumária pelos facínoras que o guardavam. Veio depois a simulação do auto-enforcamento da vítima. Vlado e seus companheiros – Fernando Moraes, Rodolfo Konder, Paulo Markun, Jorge Duque Estrada, Antony de Cristo, Sérgio Gomes, entre outros, eram membros do PCB, é verdade, mas todos ou quase todos sob a influência do comunismo italiano, que abandonara a luta armada, aderindo à abertura democrática. Como lembrou Rodolfo Konder,naqueles tempos, nos subterrâneos do poder se travava uma luta surda entre os militares moderados, favoráveis à abertura e os chamados – gorilas – que não queriam ceder o poder e usavam todos os pretextos para aumentar a repressão. Vladimir Herzog e seus companheiros foram usados pela ala radical como bodes expiatórios. Mesmo depois dos militares terem declarado que Herzog suicidara-se, o rabino Henry Sobel, corajosamente, enterrou seu corpo, ao som de cantos fúnebres em hebraico, no cemitério judeu. O documentário termina com o culto ecumênico, que foi realizado na Catedral da Sé, celebrado por Dom Paulo Evaristo Arns, por Henry Sobel, pelo pastor protestante, James Wright e assistido por cerca de oito mil pessoas. Ouviram-se palavras de emoção por parte dos celebrantes, ecoando no coração da multidão silenciosa ali presente. A partir daquele culto, acontecido em 1975, embora a carcaça do regime de força ainda tivesse sobrevivido por mais alguns anos, seu fim estava marcado. (resumo baseado no artigo de Gilberto de Mello Kujawski chamado Um Alerta à Juventude).



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