ESSENCIAL
(GABRIEL FLAMENS)
ESSENCIAL - Um livro inquietante!
O livro ESSENCIAL, escrito por Gabriel Flamens, apresenta alguns desafios aos adeptos da racionalidade cartesiana. O primeiro deles se deve ao fato de o autor, ao final da introdução, afirmar que o livro foi produzido sem a intervenção da faculdade racional. Ainda afirma que isto se deve ao fato de a razão só formular perguntas para as quais sabe que as respostas são possíveis. O texto, portanto, pretende responder a questões impossíveis!
As questões impossíveis estão presentes na história da humanidade. Quem sou eu? O ser humano é composto apenas de matéria? Existindo algo não material em cada pessoa, também morre quando cessa a vida material? Deus existe? Deus é explicável? Elas perseguiram pensadores os mais diversos, dos filósofos aos teólogos, e serviram de base a formulações conceituais em todos os planos da produção intelectual.
Gabriel Flamens, no entanto, não se propõe a realizar um trabalho intelectual. Ao contrário, afirma que a verdade só pode ser encontrada a partir do momento em que o diálogo intelectual daquele que procura a resposta deixa de existir. Sua proposta abdica radicalmente de qualquer metodologia científica e, no decorrer da leitura, é possível perceber que a ciência se desenvolveu através da genialidade, produzida por pequenos insights; lampejos que independem da razão e fazem com que o pensador encontre respostas sem saber exatamente de onde vieram.
Mas de onde viriam estes estalos? A resposta parece simples, mas, ao mesmo tempo, é bastante espinhosa. O autor defende a existência de um plano absoluto, no qual o conhecimento pode ser obtido independente da razão, que por ser relativa, ao invés de estimular, impede o contato com este plano absoluto. Os insights ocorrem em momentos de neutralidade da razão que, cansada ou distraída, permite o contato do individuo com algo que ela própria não consegue explicar. Quando desperta, a razão, autoritária que é, imediatamente retoma seu posto, transformando a descoberta em algo racionalmente explicável. O problema é que sempre ocorre algum tipo de deturpação quando o conhecimento absoluto é traduzido pela razão.
O contato com o conhecimento absoluto, portanto, independe de mártires, filósofos ou cientistas. Qualquer pessoa pode acessá-lo desde que consiga interromper o seu próprio debate interno com a razão. O livro não oferece métodos ou procedimentos aplicáveis a qualquer pessoa. É necessário colocar questões, tentar obter as respostas de forma racional e aprofundar o questionamento até que a razão admita sua incapacidade de responder. A partir daí, começa a viagem ao essencial. Vale a pena ler o relato do autor sobre sua própria experiência. Através dela é possível entender a raiz da proposta antes de se aventurar por ela.
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