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A herança do vazio
(Kiran Desai)

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A relação filial entre esta jovem escritora indiana e a sua mãe, Anita Desai, não transparece na sua escrita. A não ser o mero facto de ambas serem escritoras.De facto, Kiran Desai é mais solta e mais, como direi, moderna. No que este termo tem de mais inespecífico...A experiência que se colhe da leitura deste livro é algo vaga. Sobra um ou outro apontamento de curiosidade. Um ou outro vislumbre de génio. Não há uma continuidade. Uma consistência ao longo da obra. Daí que eu, pessoalmente, considere injustificados os prémios que ela recebeu pelo livro.A obra narra (por assim dizer), a história de uma órfã (Sai), filha de dois cientistas indianos, que morrem enquanto colaboram com um projecto soviético, deixando a filha num colégio religioso (e caro) na Índia.Tendo-se casado à revelia da família (especialmente da do lado materno), foram repudiados. O patriarca é o velho juiz Patel, que sofreu na pele a idiossincrasia de ser o representante da Coroa Britânica no preciso momento em que a Inglaterra concedeu a independência à União Indiana. Vindo do povo, ascendeu à educação por um daqueles acasos do destino (o futuro sogro soube que ele tinha intenções de vir a ser juiz e pagou-lhe os estudos em Inglaterra). Em Inglaterra foi desprezado por ser indiano, mas desenvolveu um gosto peculiar por tudo o que era inglês: pelo chá, pelo whisky e pelos cães de companhia. Regressado à Índia não se habitua à sua mulher (casara-se antes de partir) e o casamento desmorona-se, não antes de uma semente ser depositada: a filha que nunca viria a ser, verdadeiramente, a sua filha. E é a filha dessa sua filha que um dia lhe é depositada à porta de casa. Da casa que comprara a um fazendeiro (europeu), casa a apodrecer, cercada pela selva, isolada, junto a uma aldeia nos confins do Rajastão. Mas com uma vista soberba do Kanchenjunga, a 3ª montanha mais alta do mundo, na fronteira com o Nepal e que faz parte dos Himalaias. O juiz tem um único empregado, que oficialmente é o cozinheiro e uma cadela (Mutt, Mutti, Muttinha...). O cozinheiro tem um filho que está emigrado nos Estados Unidos da América, ilegalmente... e que apenas sonha em regressar. O romance começa com o início da revolta das populações autóctones Nepalesas (os Gurkhas) que reclamam a criação de um “Gorkhastão” e a expulsão dos “estrangeiros”. O romance explora este sentimento de não pertença a lado nenhum que por vezes assalta muitas pessoas e que, aparentemente, se sentem sempre do lado errado do mundo. Como na canção do António Variações: "só estou bem aonde não estou, só quero ir aonde não vou". É o que ocorre, designadamente, com o explicador de Sai, um Nepalês, que se envolve na rebelião, um pouco sem saber como, e que depois se quer afastar da mesma. Notas curiosas: existem princesas afegãs (inexploradas pela autora), duas irmãs (exploradas pelos locais) e um sem número de personagens ilegais que parasitam Nova Iorque. Biju, o filho do cozinheiro do juiz, regressará à Índia? E, regressando, arrepender-se-á? Esta é, a partir de dado ponto, a única questão que este livro deixa em aberto. Livro que Kiran, residindo em Nova Iorque, terá escrito para exorcizar alguns fantasmas pessoais...



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