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Humanização da saúde pública
Wilson Martins
"Mais que de máquinas, necessitamos de humanidade. Mais do que de inteligência, necessitamos de afeição". Esta frase foi dita por Charlie Chaplin.
Parece um absurdo falar em humanizar a atividade humana, no entanto, a sociedade vive tristes aspectos de selvageria. Sofre pelas graves violências cotidianas, o mal exemplo dos políticos que parecem em se preocupar qual deles é o campeão de nepotismo e outras formas de corrupção que nos são jogados nas nossas “caras” em todos os jornais diariamente, a violência existente nos aglomerados, morros, ruas e até domésticas.No caso, de humanização da saúde temos que desenvolver um intenso trabalho no âmbito clínico/hospitalar, para que primeiro os funcionários passem por mudança de hábitos interiores sendo que, em inúmeras casos esses vivem as mesmas mazelas sociais dos pacientes que são tratados por eles, esses tem que se conhecerem, passar por treinamentos e reciclagem constante, salários dignos e exemplos de chefias competentes e disciplinadas, se desenvolverem como pessoas humanas e não mão de obra barata que servem ao interesse de políticos sem escrúpulos, estagnada no tempo.
Estes funcionários deveriam ser conhecedores do exemplo de vida do Cristo, é preciso que a religiosidade verdadeira, interior, seja presente em suas atitudes e hábitos diários, assim estarão preparadas para entender e lidar com o outro combatendo a insensibilidade secular que já virou moda neste país.
É preciso o gestor municipal se esforçar para acabar com o processo de anestesiamento dos profissionais da saúde, que só será possível no país se a saúde for terceirizada e ainda ser fiscalizada por um conselho independente, votado em ambiente neutro e livre de pressão e por último, fiscalizada por Câmaras Municipais isentas, em que não haja “camaradagem” entre os vereadores e o gestor municipal.
Por ministrar curso de Humanização da saúde pública conheço Secretaria Municipal de Saúde em que o secretário se esconde, trabalhando em lugares sem nenhuma placa de identificação com objetivo único e principal de se esconder dos usuários. Como conheço também casos em que o TFD (Tratamento Fora do Município) funciona bem, para quem é afinado com o chefe do setor que por acaso, e somente por acaso é vereador na cidade.
Em muitas cidades do nosso imenso Brasil torna-se “proibido morrer, se é pobre e não é afinado com o gestor municipal”.
E no andar da carruagem a “ninguemzada” que abunda neste país sofre, dependendo naturalmente de políticos que os obrigam a viverem de mãos estendidas, naturalmente um dia exercitarão estas, com suas mãos esqueléticas digitando a urna dando seu voto em troca de algum favor na área da saúde.
Às vezes o profissional de saúde de tanto ver politicagens, tratamento diferenciado para quem é da “panelinha municipal” e ao mesmo tempo ver a “ninguemzada” sofrer, gemer e morrer já não mais impressiona e nem comove, tudo parece e é vivido como simples casos de rotina. Só que, cada um tem sua dor, seu sofrimento, emoções e preocupações de forma individual e personalizada. Na área da saúde pública o funcionário deverá entender que, normalmente não lida com pessoas comuns que estão felizes, mas sim, com pessoas que trazem atrás de si uma bagagem de sofrimentos, seja esse sofrimento passageiro ou não, mas o certo é que estão sofrendo toda sorte de infelicidades, pressão, pobreza, miséria e um enorme medo e descrédito dos serviços públicos de saúde. O funcionário/servidor público de uma policlínica, posto de saúde, clínica ou hospitais privados deveria ser conscientizado através de treinamentos contínuos que toda pessoa, independentemente da sua cultura e da sua condição social, ao adoecer, ao se submeter a uma cirurgia, ao ocupar uma maca na emergência ou leito na CTI/UTI, fica profundamente fragilizada, sente insegurança, medo de sofrer e morrer. Nessas circunstâncias, mais do que nunca necessita de apoio, presença e carinho humano. É também o momento em que passa a lembrar de Deus, do qual, talvez viveu esquecida. Muitas dessas pessoas, além das doenças que as afligem, são pessoas excluídas do sistema, permanentemente desempregadas, passando necessidades, sem alto estima, em sua grande maioria viciada em álcool, (que às vezes está cobrando o seu preço por viver uma vida desregrada), sem perspectivas de dias melhores, sem esperanças, apenas tem um dia a após o outro, enfim, são pessoas que não tem qualidade de vida.
A vida dessas, já são um inferno devido às péssimas condições em que viveram sempre manipuladas por políticos que lhes condenaram a viver na miséria, devido o não trabalharem em prol das pessoas.
Estas pessoas chegam ao serviço de saúde desconfiadas, e deparam com um quadro constante: funcionários desmotivados, politicagem constante, baixos salários falta de treinamento, falta de medicamentos básicos, ambulâncias, sendo que, em todo o Brasil, salvo raras exceções, a população tem péssima impressão dos funcionários dos serviços de saúde. A falta de empenho, despreparo e vontade dos gerentes e agentes políticos fazem com que os funcionários que lidam diariamente com recepção, encaminhamentos e cuidados desses pacientes os tratem com descasos. Para as pessoas que necessitam de cuidar da sua saúde acontecem péssimos tratamentos, demoras e enormes custos, com as conseqüências que bem conhecemos: agravamento de sua saúde, maior custo para o serviço de saúde e até óbito do paciente, simplesmente por demoras desnecessárias.
Tudo isso, pode e deve ser evitado com ganhos reais para todos os atores envolvidos, seja o gestor público, funcionários/servidores e pacientes, desde que se faça constantemente treinamento, palestras, cursos de Humanização da Saúde em que os funcionários/servidores sejam chamado a mudarem primeiro, se conhecerem melhor "atuarem" até com a aplicação da Lei do Menor Esforço, diminuindo assim, o estresse e doenças ligadas a esse, tão comuns no serviço público, responsáveis, por faltas e afastamento da parte dos funcionários/servidores.
É triste falar de humanizar uma atividade tão necessária. Muito triste!
Wilson Martins
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OBS: Texto do curso de HUMANIZAÇÃO DA SAÚDE
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