BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


O mundo de Epicuro em CARTA SOBRE A FELICIDADE
(Epicuro)

Publicidade
1. Os átomos. A teoria atomista coloca-nos alguns problemas perante a procura de coerência no sistema filosófico de Epicuro. O principal problema é o da teoria atómica e do seu carácter exclusivamente mental, num filósofo que afirma categoricamente que a sensação precede a razão. Ora, ao afirmar a existência de entidades físicas invisíveis e indivisíveis, imóveis e indestrutíveis, o filósofo do Jardim recorre ao raciocínio lógico, à indução, elaborando teses que não podem ser nem provadas nem desmentidas pela experiência (sabemos no entanto que a evolução da física resultou em algumas teses que confirmam a intuição intelectual de Epicuro e do seu antecessor, Demócrito). Recorre também à especulação filosófica, numa tentativa de encontrar um fundamento sólido para a sua ética da natureza. Encontra o fundamento da liberdade humana num universo atómico não determinista. Os átomos têm como características (1) a grandeza, (2) a forma e (3) o peso. Quanto ao movimento dos átomos, é determinado por três factores: (1) o peso (analogia com o comportamento do mundo visível: o peso faz com que caiam na vertical), (2) o choque (causa da mudança de direcção dos átomos) e (3) a declinação (movimento livre dos átomos).
2. A morte. “Acostuma-te nesta questão a pensar que para nós a morte nada é, pois todo o bem e todo o mal residem na sensação, e a morte é a erradicação das sensações.” O tema da morte é muito interessante um Epicuro. O filósofo tem uma percepção naturalista, baseada na sua prática de convivência íntima com a natureza. Os seres vivos um dia morrem (biologicamente, a tese confirma-se, salvo raras excepções, de seres unicelulares que, segundo observações científicas, parece que são imortais. De qualquer forma, se por um lado a excepção confirma a regra, por outro, podemos ainda continuar a aderir ao epicurismo, na medida em que, para o filósofo do Jardim, os átomos – que corresponderiam aos tais seres unicelulares – são indestrutíveis, ou seja, imortais). Consciente deste facto, o sábio não espera nem desespera pela morte: “Estúpido é aquele que afirma ter medo da morte não porque sofrerá ao morrer mas por sofrer com a ideia de que ela há-de chegar. É verdadeiramente em vão que se sofre por esperar qualquer coisa que não nos causa qualquer perturbação! Assim, o mais temível dos males, a morte, nada tem a ver connosco: quando somos a morte não é, quando a morte é somos nós que já não existimos!” O bom senso do sábio!...
É compreensível que Epicuro não tema de modo algum a morte, mas o sofrimento em vida. É em vida que o corpo sente e é em vida que o homem deve aprender a evitar os sofrimentos maiores, procurando dominar (sem as tentar evitar) as sensações. Para um filósofo estritamente naturalista, a teoria acabava aqui. No entanto, o epicurismo é uma filosofia intuitiva, intuindo o sábio que na mortalidade o homem alcança, pela via da virtude, a imortalidade. O tempo não é entrave à percepção do infinitamente agradável: a via não é a da angústia da antecipação, nem a do desespero do adiamento, mas a da serenidade (austera, auto-disciplinada) da alma corporal: “Tal como não escolhe nunca a alimentação mais abundante mas a mais agradável, assim também [o sábio] não procura o tempo mais longo de vida mas o mais agradável”.
Também neste capítulo o epicurismo é modelo para uma ética da natureza, em que a vontade humana se distingue pela liberdade em pensamento e em acto. Trata-se de uma filosofia da responsabilidade que dá ao homem o comando de um jogo de forças energéticas: a dança atómica que, por um acto de pura liberdade, se pode desviar de um determinado trajecto para o bem ou para o mal.
Epicuro não é ateu. Ele vê a vida dos deuses como puro prazer de todos os sentidos, razão incluída. É objectivo da sua prática filosófica, como ideal alcançável pelos mais sábios, uma imortalidade em vida, análoga à divina: “Porque o homem que vive entre os bens imortais em nadase parece com um ser vivo mortal”. Os bens imortais, para Epicuro são práticas como a prudência, a frugalidade, a amizade, a serenidade e, sobretudo, a alegria da sabedoria.



Resumos Relacionados


- Epicuro – Filósofo Grego.

- O Naturalismo De Epicuro Em Carta Sobre A Felicidade

- Epicuro E A Evidência Do Ser Em Carta Sobre A Felicidade

- Grécia Antiga - Cosmovisão

- Mega Arquivo



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia