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Filosofia e Biologia em MORTALIDADE E MORALIDADE
(Hans Jonas)

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“Claramente, a filosofia pode empenhar-se no seu novo empreendimento, mas apenas na mais estreita cooperação com as ciências naturais, pois elas dizem-nos sobre o mundo material com o qual a nossa mente pretende fazer uma nova paz.” Esta passagem do prólogo (que traduzi, como as passagens que se seguem, da forma mais simples e livre) resume o propósito de Hans Jonas em toda a sua obra: a reconciliação do homem com a natureza.
O primeiro passo numa nova concepção filosófica é a reunião da filosofia e da biologia. Segundo Jonas, toda a tradição filosófica ocidental criou e expandiu raízes de um racionalismo extremado, resultando num antropocentrismo radical, cujo paradigma da modernidade é o dualismo cartesiano. Ao separar a mente do corpo e ao considerar como valor intrínseco apenas a mente, a filosofia fez do homem um ser incompleto, face ao seu corpo e face a todo o corpus natural que o rodeia: “O nosso entendimento do homem sofre pela separação, tal como sofre o nosso entendimento acerca da vida não humana.” É neste sentido que Jonas considera prioritária uma nova abordagem filosófica do homem, não apenas como um ser racional, mas como um ser humano, apetrechado cultural e naturalmente, um ser essencialmente biológico.
Ao dualismo metafísico cartesiano Jonas contrapõe uma metafísica da natureza, uma organicidade biológica, um mundo de seres naturais portadores de vida (bio) desde o primeiro momento sobre a Terra. Para tal empreendimento, o filósofo precisa de sair do seu casulo das ciências humanas e penetrar num mundo que também é o seu, o mundo da luta pela sobrevivência. Leia-se, na introdução, de Lawrence Vogel: “A batalha de vida ou morte, especialmente na frente italiana, forçou Jonas a mover-se para além das questões históricas dos seus tempos de estudante e a desenvolver a sua própria filosofia.” Urge então a compreensão da natureza como um todo, e a filosofia, que “lida com tudo e mais alguma coisa” (prólogo), deve aliar-se às ciências da natureza, com o objectivo de compreender o fenómeno da vida, procurando consequentemente compreender melhor o homem, de modo a melhor o posicionar perante os seus parceiros biológicos, humanos e não humanos. Jonas procura o elo de ligação a uma corrente Aristotélica, que nos ensinou que a natureza é princípio de movimento. É da noção de natureza como substância de entes naturais, compostos de matéria e forma, tendentes a uma vida boa, de acordo com o espaço e o tempo que ocupam, que Jonas retira os alicerces para uma filosofia naturalizante, e daí para uma ética filosófica da responsabilidade exclusivamente humana sobre toda a vida.
Influência directa sobre Jonas exerceu Heidegger que, no dizer do discípulo, provocou um terramoto no edifício filosófico que albergava o ser até então. Mas mais do que no ser biológico, Heidegger concentrou-se no espírito humano, sendo a Terra não mais que a sua habitação. E aqui separam-se as convicções, conseguindo Jonas, apesar de Heidegger, fundar e fundamentar uma metafísica da vida, aliando e consolidando a união de matérias que, desde Descartes, estavam descaradamente separadas: “O universo do conhecimento estava dividido pelo mundo académico em ciências naturais e humanidades, e a filosofia encontrou-se como uma parte das humanidades – no entanto, justamente, deveria ter-se mantido além desta divisão.”



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