Resumo de O que é o virtual?

No livro O que é o virtual? publicado em 1995, o filósofo francês Pierre Lèvy aborda a questão do desenvolvimento científico e tecnológico numa tentativa de definir o conceito de virtualização. Pierre Lèvy analisa a mutação contemporânea do corpo, do texto e da economia, no sentido de uma virtualização crescente. Para ele, a virtualização estaria intimamente associada à busca da hominização , ou seja, do processo evolutivo da humanidade. As mudanças desestabilizantes que ocorrem hoje em dia nas técnicas, na economia, nos costumes e nas formas de existir seriam simplesmente mais uma etapa da aventura humana onde o virtual aponta seus vetores com mais intensidade. Mas, o que é o virtual? Para Levy, o virtual é real , porém, não atual. É algo que é apenas potencial , ainda não realizado. O virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual. Para o autor, devemos buscar a compreensão, pensar e problematizar o virtual. O virtual seria a dúvida, o ponto de tensão, a hipótese, o desestabilizante. A resposta à dúvida seria a atualização e cada resposta encontrada, a tensão sugerida pelo virtual seria uma atualização. O processo de virtualização é um processo onde se construiu e onde se constrói nossa espécie. Levy acredita que a virtualização do corpo começa ainda a dar os seus primeiros passos, pois, espera-se que no futuro teremos velocidades cada vez maiores. Estamos cada vez mais nos “desterritorializando ”, estamos “aqui” e “ali” ao mesmo tempo, graças aos equipamentos de comunicação e de telepresença que permitem aos indivíduos estarem num espaço físico e noutro ao mesmo tempo, independentemente da distância . O corpo adquire novas velocidades e novos objetos. O corpo humano é agora compreendido pela medicina. E com isso, tornou-se um objeto modificável através de cirurgias plásticas, dietas, drogas, hormônios, onde quase tudo passou a ser passível de modificação e alteração. Ao falar da virtualização do texto, Levy identifica o arquivo digital como um vetor do processo irreversível de virtualização. Diz ele que até mesmo é possível que se atribua um endereço a um arquivo digital. Porém, esse endereço seria transitório ou com pouquíssima importância nesta era de Internet e da comunicação onde tudo parece ao mesmo tempo tão longe e tão perto. A noção de autor e de leitor se misturam. O virtual é essencialmente “desterritorializado”, sem lugar fixo de ocupação. No espaço cibernético da rede, onde há a multiplicação desenfreada de espaços, sites, tornamo-nos migrantes de um “nó” ao outro, de uma rede a outra, não mais migrantes de espaços geográficos, mas de espaços virtuais. Para Pierre Lèvy, estamos entrando numa sociedade de economia virtual , de uma economia do imaterial . O mercado On-line já não conhece fronteiras e distâncias geográficas ou contingências temporais. Produtores e consumidores são colocados cada vez mais próximos. Assim como a virtualização do texto mistura a noção de leitor à noção de autor, a virtualização do mercado,ou da economia, mistura a noção clássica de produtor e consumidor. Pierre Lèvy sugere ainda; três principais vias de virtualização que fizeram o gênero humano: o desenvolvimento das linguagens (virtualização do tempo e das sensações), a multiplicação das técnicas (virtualização das ações, do corpo) e a complexificação das instituições (virtualização da violência pelo contrato social). A idéia de Pierre Lèvy no livro O que é o virtual? situa-se como discussão do processo de tentativa de definir o conceito de virtualização. O que Pierre Lévy tenta mostrar durante toda sua argumentação neste livro é que o processo de virtualização é um processo onde se construiu e onde se continua a construir nossa espécie. Para ele, “virtualizar” é “hominizar”. Pierre Lévy conclui conclamando à uma nova sensibilidade estética, uma arte da virtualização, onde, nestes tempos de "desmaterialização" e de “desterritorialização”, a hospitalidade à alteridade são virtudes cardinais para a vida. Uma arte onde todos pudéssemos ser artistas para "criarmos a nós" e links no "hipertexto da vida" e no "hipercorpo da humanidade" como um todo.

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