Retorno à espiritualidade
(Dennys Robson Girardi)
Vivemos uma intensa crise de valores. Não há mais padrão moralizante para nossa sociedade, pois não há um centro que defina o humano contemporâneo. Nos sucessivos fragmentos de história, o homem viveu momentos onde ora reinava o teocentrismo e ora dominava o antropocentrismo. Entretanto, atualmente não há um centro ético que defina o pensamento e a ação humana. Por isso, vivemos no embate onde tudo é válido, não há um ponto sequer de confluência. Não temos líderes que apresentem caminhos valorosos. Nossos líderes agem valorizando a parte e não o todo. Cada um defende o interesse próprio, desvalorizando o projeto de humanidade para assumir um projeto pessoal de vaidade. Nesse embate, assumimos a parte pelo todo. Ou seja, generalizamos tudo a partir de poucas experiências, não conseguimos ver indivíduos, somente conceitos. A valorização da ciência faz com que compreendamos tudo de modo fragmentado. Quando conhecemos alguém, logo recordamos de uma das características, de algo que para nós foi marcante. Não recordamos de um ser humano, mas de uma marca. Isso fica provando com o avanço do marketing e da propaganda, valorizamos as características estampadas nos rótulos, mas não conseguimos perceber o valor do produto. Neste momento experimentamos o sofrimento de um humano que tenta recolher seus fragmentos, querendo reordenar sua existência. Irrompe por todo lado a discussão sobre o holismo, que demonstra um esforço fantástico em tentar fazer uma leitura da vida a partir do todo. Esta leitura pode progredir apontando para um modelo harmônico, mais próximo do homem como ser em relação com mundo, um homem que vive na interdependência com todas as coisas. Em muitos meios a espiritualidade surge como uma proposta de retorno à centralidade humana. Todavia, ao entrarmos numa banca de jornal nos deparamos com a espiritualidade enlatada. São tantos cd’s de salmos, cânticos, pontos; revistas sobre experiências espirituais; livros ditados por espíritos, textos escritos por locução interior; que não sabemos por onde seguir, pois até a espiritualidade se apresenta fragmentada. O marketing assume as igrejas, valorizamos o show, o belo, a música, entramos numa era onde a emotividade egóica domina e experiência e a vida comum perde o foco. Cremos que a pura subjetividade seja o próximo passo da humanidade. Outras gerações terão mais dificuldade para definir padrões e conceituar o ser humano. As instituições não terão mais poder sobre o homem e aparecerá um novo modelo humano, mais próximo à terra e em intimo contato com a verdadeira espiritualidade.
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