Resumo de A Melhor Amiga do Homem

Cá estou eu a filosofar novamente: se o cachorro é o melhor amigo do homem, deveríamos sentir-nos felizes quando nos fazem qualquer cachorrada? E quando usamos a expressão “fulano leva uma vida de cachorro” será que estamos externando nosso lado comparativo? Se bem que, hoje em dia, tem muito orçamento canino bem maior que qualquer bolsa família.Fazer parte da elite canina tem lá suas vantagens… Nada de pegar ônibus cheio, nenhum risco de seqüestro, nada de filas, não têm que enfrentar veterinário do INSS, podem fazer pipi em qualquer poste, sem precisar levantar a tampa… Ah, até que vida de cachorro é bem parecida com a dos homens… Mas que fique registrado meu protesto: o cão é o melhor amigo do homem... Magro!Não, não me rotulem de preconceituoso, homem de verdade cultiva uma verdadeira e única amiga, companheira de todas as horas, amada, inseparável, fiel, despudorada, explicita, cúmplice de todos os atos, bem mais que a mais ardente e submissa das amantes: a Barriga!Prova disso é que, depois de uma certa idade, no auge da experiência e da sabedoria, quando inicia-se a fase azul masculina, bem no meio de um corpo marcado pelo tempo, mesmo quando a flacidez já se faz presente, lá está a pança, sem rugas, com seu brilho iluminado, com sua vida borbulhante, continuando a ser o centro das atenções…A Barriga, não por se tratar de nome próprio, mas pelo respeito que merece, deve sempre ser iniciada por uma letra maiúscula, depois da carteira, ela é o órgão mais cobiçado da anatomia masculina, é símbolo de prazer em dobro, de estatus social, de bom gosto, de requinte, objeto da inveja daqueles malhadores que ao passarem perto de espelhos, fazem caras, bocas e gestos pra si mesmos. Eles são os bad boys, enquanto nós, os abdominalmente bem servidos, somos os happy men… Eles exibem seus primitivos tanquinhos, mas na verdade corroem-se de uma inveja destrutiva das nossas modernas e poderosas electrolux-doze-quilos …
Nossa pança sintetiza a versatilidade e a inovação, nela repousam copos, pratos, filhos, netos e as mulheres amadas, é nela onde a simpatia e a descontração batem cartão todos os dias, ponto de encontro da serenidade com a sabedoria, destino das precavidas reservas contra um futuro incerto, confirmação da perseverança gastronômica obtida às custas de muitos chopes, churrascos, feijoadas, pizzas… Prova cabal da determinação, da ternura e da sensibilidade nos verdadeiros homens que não se preocupam com o parecer, mas que simplesmente são.A história comprova estatisticamente: a Barriga esteve decisivamente presente nos fatos mais importantes da humanidade, mais discretamente em uns (Platão, Júlio Cezar...) e mais exuberante em outros (Lula, Papai Noel...). Em breve, nós os pançudos, novamente seremos a salvação do mundo contemporâneo, enquanto aqueles ineptos saradões continuarem a queimar suas energias calóricas nas academias, nós estaremos com nossas protuberâncias abdominais empenhados em amar as maravilhosas mulheres, e aí então aquele famoso friozinho que dá na Barriga quando nos apaixonamos, será tão intenso, que sem nenhuma dúvida vai reduzir o aquecimento global…

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