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UM ANJO RETORNA AO CÉU
(JOÃO ERISMÁ DE MOURA)

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VIDA E MORTE, MORTE E VIDA “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de se arrancar o que plantou.” “Sei que tudo o que Deus faz durará para sempre; não há nada a lhe acrescentar, nada a lhe retirar”. ( Bíblia , Eclesiastes, 3, 1-2.14)Momento de pesar, momento de pensar.A morte não está separada da vida. A morte não é algo à nossa espreita, furtiva, ameaçadora, traiçoeira. A morte não vem. A morte está. Está em nós. Não somos vivos -- estamos vivos. Somos todos morituros, somos todos médiuns, um meio, meio para o fim, e -- queremos crer -- para uma finalidade, o (re)começo. Na Terra, nada há de eterno, somos apenas enfermos. Enfermos de vida. E somos o único elemento da natureza que sabemos disso, que sabemos de nossa condição passageira, temporária. Somos efemérides, efêmeras, frágeis. Somos os únicos seres que temos ciência da própria finitude, consciência da própria morte. Chegaria isso a ser uma vantagem?
Mas nem isso -- a sabença do próprio fim -- é suficiente para trazer à humanidade a conciliação com sua irmã gêmea, a humildade. Basta estarmos vivos para -- muitos de nós -- nos acreditarmos eternos. E a arrogância, a prepotência fazem morada no coração humano, e o dessensibilizam. Por isso há pessoas que são duras com os outros -- não sabem que são frágeis, que, materialmente, são apenas barro soprado, borra animada, hálito de divindade. É preciso admitir que a morte é parte siamesa da vida. Não é castigo, punição. É exação -- a ávida cobrança à vida da dívida devida. * * * Momento de pesar, momento de pensar.
Pensar esses e outros pensamentos ante o livro -- exercício de catexia -- de João Erismá de Moura: Um Anjo Retorna ao Céu -- Canção a Caroline , onde o autor resgata e relata pré-vida, vida, morte e pós-morte de sua filha.
Não dá para saber a dor de João Erismá. Nós, que também perdemos seres amados, só ousamos intuir, imaginar a dor e a sensação de aturdimento, não-aceitação, impotência, indignação quem sabe. São fases ou situações semelhantes aos estágios por que passariam pacientes terminais, seres humanos à beira do desviver: a negação, momento de recusa, quando a pessoa não tolera a realidade do fim iminente; a raiva, momento de revolta, quando se desespera ante o previsível; a negociação, momento de revisão, quando acredita que, sendo “bem comportada”, ganhará em troca a possibilidade da cura; a depressão, momento de recolhimento, quando a “sensação de perda” invade o ser; e, finalmente, a aceitação, momento de resignação, quando, finalmente, há compreensão e admissão do fim próximo. Não foi permitido a Caroline de Moura transitar por esse calvário do desexistir. Aos 18 anos, no meio do seu caminho apareceu um caminhão, em velocidade. Assim, à beira da estrada, à vista dos olhos paternos, ela e seu automóvel. E o acidente. Um início de conversão à esquerda a levou ao fim, e à direita do Pai. (...)
Recolho, de um texto creditado a Eduardo Giorgi, a seguinte reflexão: “O luto pela perda de uma pessoa amada é a experiência mais universal e, ao mesmo tempo, mais desorganizadora e assustadora que vive o ser humano. O sentido dado à vida é repensado, as relações são refeitas a partir de uma avaliação de seu significado, a identidade pessoal se transforma. Nada mais é como costumava ser. E ainda assim há vida no luto, há esperança de transformação, de recomeço. Porque há um tempo de chegar e um tempo de partir, a vida é feita de pequenos e grandes lutos, através dos quais o ser humano se dá conta de sua condição de ser mortal.” O maior comediógrafo romano, Plauto, que viveu antes da Era Cristã, certamente não estava fazendo graça quando escreveu: “Aquele a quem os deuses estima, morre jovem”. Não justifica. Não serve de lenitivo -- os pais querem seus filhos para si, não para ofertá-los a divindades. Mas, ante o inefável, o inevitável e o imodificável, a frase serve para alguma reflexão.
Nem a Filosofia, muito menos a Ciência e talvez nem a Religião... Só o Tempo, com a desejável mediação daquelas três, pode aplacar as sensações e sentimentos ante a perda, o desaparecimento, a extinção física, a anulação da possibilidade material do rever-se, do tocar-se, do sentir-se, do esperar pelo outro que se sabia que viria. Resignação, força e temperança – é o que se deve buscar e manter. Como dizem, a vida continua, inclusive com a presença da ausência de quem já partiu.
Afinal, uma pessoa, uma família, é ela e seus mortos. E ambos, e todos, merecem paz. Paz. Paz.
EDMILSON SANCHES ([email protected])



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