Pequisa na Escola: o que é, como se faz
(BAGNO; Marcos)
Mito-linguagem
Marcos Bagno escreve um livro estimulado pela sua indignação perante o
processo de “pesquisa na escola”. Mostra os erros cometidos pelos professores
ao lidarem com esse tipo de trabalho escolar e aponta novos caminhos a serem
seguidos, os quais levarão, segundo Bagno, ao melhor proveito dessa questão.
Indignação e não podia ser diferente, a maioria dos trabalhos de Bagno
são permeados por uma raiva espontânea. São assim, por exemplo, seus tratados
contra os mitos em torno da língua portuguesa e contra os gramáticos famosos
que aparecem na TV. Um “livrinho”, como o próprio autor fala, bem pessoal. Tão
pessoal que não carece de elogios à própria filha e à esposa, essas que servem
de modelo de bom comportamento para todos os brasileiros. Ora essa, a filha de
Bagno, sozinha, fez acontecer um jornal para a sua classe quando estava apenas
na 2ª série!
O “livrinho” dividido em duas partes explicita em sua primeira a pesquisa
em si, ressalta que a pesquisa na escola deve ser mais do que simplesmente o
professor dar o tema, marcar a dia de entrega para então avaliar e dizer a nota
pelo trabalho feito. As coisas devem ser mais profundas a esse respeito e muito
do que nos rodeia pode ser aproveitado, até mesmo o ídolo pop do momento, por
exemplo. Bagno dá um caminho para o que é e como deve ser feito um projeto de
pesquisa e chega até mesmo elaborar subdivisões dentro do projeto a fim de
melhor orientar a vida do jovem aluno pesquisador. Sim, somente ao jovem, pois Quod
in iuventute non discitur, in matura aetate nescitur (aquilo que não se aprende na
juventude na idade madura se ignora) já dizia o sábio latino Cassiodoro, no
século V. Das
discussões às fontes, tudo é bem mostrado e relatado como uma grande cartilha
que ensina a fazer projetos de pesquisa aos admiráveis alunos novos.
Bagno afirma que o trabalho do professor é ensinar a aprender e, ao
tratar de pesquisa escolar, todos que são desse universo devem se aproximar. Escola
e comunidade devem diminuir as distâncias que as separam, alunos e escola
mantendo uma relação vívida. Bagno aqui apenas esquece que já que quer uma
escola onde há uma preparação para a vida em geral, as pessoas deveriam se
sentir mais independentes e tranqüilas ao a adentrarem e não precisariam sempre
alcançar os domínios escolares através dos alunos, desses tão prósperos jovens
alunos. Todos os meios da mídia são aproveitáveis à escola, segundo Bagno, e
devemos nos tornar cada vez mais cientes disso sem preconceito e sem espírito
de Procusto.
Em sua segunda parte, Bagno introduz argumentos para uma pesquisa na
disciplina de língua portuguesa. E o faz
usando de seus gostos pessoais também, dá aos alunos sugestões de pesquisa que
desafiam às regras do que ele chama ou do que todos chamam “gramática
tradicional”, ou seja, dessa gramática que afirma que aquilo é erro e que
aquele outro aquilo é correto. Tentativa explícita de moldar todos os leitores
de seu livrinho a adentrarem no conchavo das suas teorias varicionistas.
Um manual, apenas outro que, nesse assunto, seria mais legal se Humberto
Eco já não tivesse mormente escrito. Um auto estudo de caso, em que o autor, ao
contrário do que diz, não tem Ariadne em sua família, não é Teseu e nem matou o
Minotauro. Ele é próprio Procusto, ou melhor, o mito de Procusto.
Ah! Tem, ainda, em anexo, algumas folhas a respeito de Monteiro Lobato, a
parte boa.
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