NOS PASSOS DE HANNAH ARENDT
(LAURE ADLER)
NOS PASSOS DE HANNAH ARENDT - um livro biográfico sobre essa filósofa alemã de ascendência judaica. Uma grande pensadora que também sofreu a perseguição do regime de Hitler e, por isso, acabou se exilando nos Estados Unidos. Hannah construiu uma sólida carreira filosófica baseando-se em reflexões sobre sua própria época, unindo assim, pensamento e vivência e foi uma das raras vozes femininas a surgir com destaque nos compêndios de filosofia, principalmente, por duas grandes obras: Origens do Totalitarismo (1951) e Eichmann em Jerusalém (1963). A francesa Laure Adler, autora do livro, em suas viagens de pesquisa, constatou que Hanna Arendt sempre buscou apagar a imagem de rude e autoritária que leitores de seus livro - Eichmann em Jerusalém desenharam dela. Este livro, que a princípio foi concebido como uma reportagem – a cobertura do julgamento do carrasco nazista Adolf Eichmann em Jerusalém, foi bombardeado pela imprensa, principalmente a judaica. Hannah acreditava que para um criminoso novo deveria haver uma justiça nova e, portanto, era preciso julgar Eichmann com armas jurídica novas e fez, na ocasião, uma pergunta obsedante: - Existe crime contra a humanidade? Constitui genocídio uma singularidade na longa história da barbárie humana? Laure Adler tenta explicar que, desta forma, Hannah se colocou em um plano jurídico e que para ela, o crime contra a humanidade foi mal definido em Nuremberg e confundido com os crimes contra a paz. O livro - Nos Passos de Hanna Arendt - é um retrato decisivo, escrito com clareza, que não exime Hannah de seus defeitos. Entretanto omite alguns detalhes como, por exemplo, o peso de contribuições alheias para as ideais da filósofa; que a mesma quase nunca reconheceu seus próprios equívocos; e que ignorou o valor intelectual de seu primeiro marido Günther Andrés (pseudônimo de Günther Stern) um dos pioneiros no estudo da ficção do checo Franz Kafca.
Nascida em 1906, no subúrbio de Linden, em Hannover, Johannah Arendt se mostrava uma menina precoce. Já na Universidade Marburg, conheceu Martin Heidegger, com quem inicia um complicado relacionamento amoroso. Em 1933, Martin aderiu ao nazismo e Hanna, depois de passar 8 dias na prisão deixou seu país natal. Primeiramente morou em Paris com Günther Stern e em 1941, já unida a um novo marido, Heinrich Blücher e depois de uma miserável estada em Portugal chega aos Estados Unidos, onde fixa residência, naturalizando-se americana em 1951. Foi lá que escreveu seus mais importantes livros e esse período de sua vida é que constitui o ponto alto de sua biografia escrita por Laure Adler. Em sua obra, Hannah Arendt tratou tanto da origem do mal e suas trágicas conseqüências (violências políticas, totalitarismos) como questionou a degradação da liberdade do homem.O relato do caso Adolf Eichmann, nesse livro, é particularmente rico em detalhes e conta sobre a impaciência de Arendt diante das sessões do tribunal e da celeuma provocada ao abordar em seu texto a conduta dos Conselhos Judaicos, que no início da II Guerra haviam aceitado fazer um inventário para os nazistas de suas comunidades, o que facilitou a repressão aos judeus. Às críticas de que lhe faltava – amor ao povo judeu, Hannah respondeu que sempre considerou sua judaicidade e jamais a repudiou, mas que nunca amou coletividades, como o povo alemão, francês ou americano, ou a classe operária. Afirmou ainda que tinha grande confiança na capacidade de cada um pensar por conta própria. Com isso, revelou traços definitivos de sua personalidade: o de desvendar seus próprios meios de funcionamento, confessar suas incertezas, assumir sua violência e reivindicar seu lugar de pessoa politicamente incorreta, sabendo que pagaria caro por isso. Percebeu que o Holocausto como um corte na história da humanidade e também pensou que isso também poderia atingir outros povos além do povo judeu. Saber de si mesmo, para Hannah era princípio de acesso à liberdade: para ela o judaísmo era um modo de pertencer ao mundo e não uma espiritualidade.
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