Poemas à volta do arroz
(recolha de bruxedo)
GRÃOS DE ARROZ
Grãos de arroz sepultados
no bôlso de um paletò:
insólita resurreiçáo.
Cereais lançados com alegria,
após um "Viva...",
no fim da cerimônia.
E depois, o banquete.
E nos, por anos,
juntos em baixo do mesmo telhado.
Grãos de arroz
com cheiro de naftalina.
Cruel com a lembrança
daquela renda pesada
destacada em nome de um legal,
civil, educado.
E depois, malignitades
e nós...
separados sobrenomes
nas guias telefonicas.
http://www.poetes.it/portog4.htm#GRÃOS%20DE%20ARROZ
Canção de arroz
À música de Kitaro"A Child Without a Father"
monumento de prantomovimento lento
sonho que sintotanto espantoà sombra deste cantosem tempo
água é ungüentoenquanto um córregodesce em labirintose cala o colo santo
o grito do arroznovamente se igualaao sol nos altos montesque se escondemem sobressaltopara o partode um outro momento...
assim seja,posto que a vida de Deusé muito maisque a ferida de uma bala!
João de Abreu Borges
http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=245&rv=Cigarra
Arroz de Carreteiro
Autoria: Jayme Caetano Braun
Nobre cardápio crioulo das primitivas jornadas,Nascido nas carreteadas do Rio Grande abarbarado,Por certo nisso inspirado, o xiru velho campeiroTe batizou de "Carreteiro", meu velho arroz com guisado.Não tem mistério o feitio dessa iguaria bagual,É xarque - arroz - graxa - salÉ água pura em quantidade.Meta fogo de verdade na panela cascurrenta.Alho - cebola ou pimenta, isso conforme a vontade.Não tem luxo - é tudo simples, pra fazer um carreiteiro.Se fica algum "marinheiro" de vereda vem à tona.Bote - se houver - manjerona, que dá um gostito melhorTapiando o amargo do suor que - às vezes, vem da carona.Pois em cima desse traste de uso tão abarbarado,É onde se corta o guisado ligeirito - com destreza.Prato rude - com certeza, mas quando ferve em voz roucaDeixa com água na boca a mais dengosa princesa.Ah! Que saudades eu tenhodos tempos em que tropeavaQuando de volta me apeava num fogão rumbeando o cheiroE por ali - tarimbeiro, cansado de bater casco,Me esquecia do churrasco saboreando um carreteiro.Em quanto pouso cheguei de pingo pelo cabresto,Na falta de outro pretexto indagando algum atalho,Mas sempre ao ver o borralho onde a panela ferviaEu cá comigo dizia: chegou de passar trabalho.Por isso - meu prato xucro, eu me paro acabrunhadoAo te ver falsificado na cozinha do povoeiroDesvirtuado por dinheiro à tradição gauchesca,Guisado de carne fresca, não é arroz de carreteiro.Hoje te matam à Mingua, em palácio e restauranteMas não há quem te suplante, nem que o mundo se derreta,Se és feito em panela preta, servido em prato de lataBombeando a lua de prata sob a quincha da carreta!Por isso, quando eu chegar, nalgum fogão do além-vida,Se lá não houver comida já pedi a Deus por consolo,Que junto ao fogão crioulo,Quando for escurecendo, meu mate -amargo sorvendo,A cavalo nalgum tronco, escute, ao menos, o roncoDe um "Carreteiro" fervendo.
Baião de dois
a vidaé pra nós doissomos feijão com arrozeu te comovocê me comedepoistomamos cafévivemos com féolhamos pro pépedimos perdãoporque a vidaé pra depoissomos baião de doissem ritmosó feijão com arroz.
Tião Martins
http://tiaomartins.blogspot.com/2007/03/baio-de-dois.html
O que cabe e o que não cabe num poema
NÃO HÁ VAGASO preço do feijão nãocabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o gás, a luz, o telefone, a sonegação do leite da carne, do pão.
O funcionário públiconão cabe no poemacom seu salário de fome,sua vida fechadaem arquivos.Como não cabe no poemao operárioque esmerila seu dia de açoe carvão nas oficinas escuras.
-----
Porque o poema senhores, está fechado: "não há vagas".Só cabe no poema o homem sem estômago, a mulher de nuvens, a fruta sem preço. O poema senhores, não fede, nem cheira.
Ferreira Gullar
ARROZ E FEIJÃO
Por isso eu seitornar tudo leve é um peso e erreiao ser presa na pressa do breve e tentei separar o que serve e não servena certa a panela do arroztambém faz o feijãono tempero do alô coração ferve o instante no além e vi lá que alimento é o peso quem dá negra terra pra gente plantar esperanças no chão.
http://www.luhli.mpbnet.com.br/contato/index.html
Luhli
Tesão
Líria Porto
cheiro de arroz cor de leitesalpicado com canelagosto de cravo pau de canelaum doce manjar dos deusespara todos os prazerespara dar água na bocasentir vontade e voltararroz doce com canelanesta vida passageiraesperarei por cem anosmais que isso se precisoretornarás bem cremosocheiro de arroz cor de leitesalpicado com canelagosto de cravo pau de canelapara o desejo que tenho
http://www.casadacultura.org/Literatura/Poesia/g01/liria_porto_tesao.html
A menina pó de arroz
A menina pó de arroz,
Nascida à beira do mar
Com o oceano nos olhos
E com sorrisos de lua
Nos seus lábios pequeninos
Que nunca ninguém beijou,
A menina pó de arroz,
Com seus cabelos de cobre
Onde o vento vem brincar,
Assoma à sua janela
P'ra ver a noite estrelada,
Para ouvir os sons da noite,
Para beber o luar.
Para ter em suas mãos
Macias, longas e brancas,
A noite tépida e branda,
A velha noite calada.
A menina pó de arroz,
Que por uma abreviatura
Do seu nome arrevesado
É chamada entre família
Por um nome miudinho
De marca de pó de arroz,
Com seu corpinho de fada
Que saiu de alguma fonte
Que há pouco perdeu o encanto,
Com a cabeça nas mãos,
Enquanto na casa dormem,
Veio pôr-se na janela
Para que a noite a beijasse.
A menina pó de atroz
Estará enamorada?
António Rebordão Navarro
As Três Meninas e Outros Poemas
Poemas (1952 - 1982)
Imprensa Nacional Casa da Moeda
Construção
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se! fosse um pássaro
E se acbou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como
Resumos Relacionados
- Folha De Sao Paolo
- Folha De Sao Paolo
- Cozido à Portuguesa
- Outro Sinal Deprimente!!!!!
- Www.portaldasreceitas.com.br/ver_receita.php?c=9
|
|