Bromélias
(Raulino Reitz)
Com cerca de 2500 espécies e 42 gêneros, a família Bromeliaceae é uma das maiores das angiospermas (WANDERLEY, 1992). A família Bromeliaceae apresenta grande variedade de formas, o que à leva a divisão da mesma em três subfamílias, a saber: Pitcairnioideae, Bromelioideae, e Tillandsioideae (WANDERLEY, 1992).
A subfamília Pitcairnioideae é, além de Pitcairnia, constituída por vários outros gêneros, como Dyckia, Encholirium e Navia, que ocorrem no Brasil.A maioria das espécies desta subfamília é de plantas terrestres, com folhas conspicuamente espinhosas, exceto no gênero Pitcairnia (WANDERLEY, 1992).
A subfamília Bromelioideae possui plantas com a maior diversidade genérica na família, com representantes terrestres e epifiticos, geralmente com folhas serreadas. Além do gênero Bromelia que serviu de base para a descrição da família e da subfamília diversos outros ocorrem no Brasil, tais como: Aechmea, Ananas, Billbergia, Canistrum, Nidularium e Quesnelia (WANDERLEY, 1992).
A subfamília Tillandsioideae possui, geralmente, indivíduos epifíticos, de folhas lisas. É considerada como a mais evoluida das três, pela presença de escamas absorventes especializadas (WANDERLEY, 1992).
A constituição das raízes das bromélias é muito firme. Nas bromélias epífitas as raízes servem principalmente como elemento de fixação, pois a nutrição é feita por pêlos escamosos. A fixação das raízes a seus suportes é realizada pela secreção de um mastique pardacento que em contato com o ar, endurece imediatamente e fixa a planta. Nas espécies terrestres (Ananas, Bromelia) sua contituição é diversa agindo também como orgãos de absorção. Em todos os casos, porém, sempre há presença de pêlos radiculares (REITZ, 1983).
Todas as bromeliáceas, propriamente tem caule. Mas como na maioria dos casos é muito curto e torcido, sempre porém demonstrável e densamente coberto com folhas formando uma roseta ou tufo, tornou-se praxe denomina-las "acaules"em descrices botânicas. O escapo é a continuação do caule. Constitui um eixo mais ou menos bracteado intercalado entre a roseta foliar e a raquis da inflorescencia propriamente dita. Nascem no centro da roseta em todos os gêneros catarinenses menos em Dyckia na qual procedem lateralmente (REITZ, 1983).
As folhas das bromélias costumam ter na base uma parte alargada, que chamamos bainha. São providas de pêlos escamosos que absorvem o alimento. A inserção no caule e as bordas da bainha são dispostas de tal modo que em muitos casos, formam um receptáculo que permite guardar a água das chuvas e da neblina. A coloração da bainha é muito variada nas diferentes espécies. Nas bromeliáceas catarinenses nenhuma folha é peciolada. Os pêlos escamosos, comumente chamados "escamas lepidotas" estão fixos, às vezes, em depressões de nervuras como, por exemplo, em Bromélia, Ananas, Dyckia, etc, e no mais das vezes, em uma superficie plana, por ex. em Vriesia e Tillandsia. As bromeliáceas-cisternas trazem folhas em forma de calha que colhem a água entre as bainhas formando pequenos lagos. Apesar de a mesma água permanecer por longo tempo com enorme quantidade de detritos vegetais que aí caem, não se decompõem por causa de uma goma segregada pelas plantas. Exerce esta uma função diastática (REITZ, 1983).
A inflorescência das bromeliáceas é sempre indefinida, pois se prolonga além das flores, geralmente, em insignificante apêndice. É simples senão composta ou ramificada (REITZ, 1983).
Todas as flores são trímeras em todos os quatro verticilos mas com duas séries de estames. Nascem na axila de uma bráctea. Todas as bromeliáceas catarinenses são flores hermafroditas. Quanto ao fruto os gêneros de ovário súpero ou semissúpero (Pitcairnioideae, Tilladsioideae) têm uma cápsula deiscente; os de ovário ínfero (Bromelioideae) dão uma baga.
Caracterizam-se as sementes das bromeliáceas pelo álbumen farinoso típico da Ordem. O embrião acha-se localizado na parte inferior fixado ao albúmen, com o cotilédone num sulco ou numa fissura do mesmo. Ocupa em geral uma quarta parte da semente. As cisternas das bromeliáceas desempenham um papel de charcos e lagos pénseis, com microflora e microfauna especiais, além de uma macroflora e macrofauna. Tanto a microflora, como a microfauna bromelícolas, são riquíssimas, com muitas novidades para a ciência, mesmo em nível de gêneros novos, no entanto muito pouco estudadas (REITZ, 1983).
"Os animais que seguidamente encontramos no meio bromelícola são os seguintes: pererecas, lagartixas, pequenas cobras, caranguejos de água doce e salgada, aranhas, escorpiões, centopéias, libélulas, grilos, gafanhotos, besouros, percevejos aquaticos, formigas e diversas espécies de lesmas", Raulino Reitz em Bromeliaceas in Reitz (Flora Ilustrada Catarinense; BROM;24.).
Em extensos tapetes de bromélias quer no solo do fundo da mata, ou nas áreas mais abertas de restinga, bem como nos troncos e galhos de árvores encontramos uma vida animal intensa, uns morando neste habitat de charcos e lagoinhas, outros animais maiores, perseguindo e devorando os menores, e ainda terceiros, que vem matar a sede como insetos mamíferos e pássaros. As cisternas das bromélias escondem muitas novidades para a ciência, pricipalmente relacionadas com microflora e a microfauna. No Brasil pouco se pesquisou nesta área. A maior parte das broméliaceas possuem flores diurnas. No entanto, há algumas poucas noturnas. Parece ser raro nas bromélias o processo de auto-fecundação, pois as flores, em geral são protândricas. Na maioria dos casos há zoogamia. Conforme a natureza do fruto efetua-se a disseminação. As sementes das bagas são comidas e disseminadas pelos animais (zoocoria) ao passo que as sementes das capsulas são disseminadas pelo vento (anemocoria) (REITZ, 1983).
Exceto por uma espécie de Pitcairnia, que ocorre no oeste africano, é restrita as Américas, distribuindo-se desde a Argentina e Chile até o norte do estado de Virginia nos Estado Unidos da América, sendo muito freqüente no Brasil (Wanderley, 1992).
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