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neoclassicism, from "Twenieth-Century Music" (Robert P. Morgan, 1991, Yale University)
(Robert P. Morgan)

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O fim da 1° Guerra Mundial, em 1918, abalou a Europa. A configuração geo-política do continente foi alterada: O Império Austro-Húngaro dissolvido; Polônia, Checoslováquia, Hungria e Yugoslávia se tornaram independentes; a Alemanha cedeu o território da Alsácia-Lorena para a França e teve que fazer pesados pagamentos para reparar os danos cometidos a outras nações; a Rússia emergiu com um governo revolucionário, disposto a torna-la o 1° Estado comunista do mundo. A guerra mudou profundamente a atitude dos intelectuais e artistas europeus. Pela 1° vez a força destrutiva da sociedade industrial moderna fora exposta. Esses eventos catastróficos abalaram o otimismo da visão de mundo científica e a crença em um contínuo progresso econômico e social. E também a crença eufórica no poder da arte para promover novos modos de pensamento e experiência. A primeira – e mais extrema – reação artística à Guerra ocorreu no movimento conhecido por Dada. Os dadaístas sentiam repulsa pela estupidez da guerra. Se a humanidade foi capaz de tal auto-aniquilamento em larga escala, então nenhum de seus feitos (inclusive artísticos) podia ser levado à sério, nem suas aspirações ao progresso. Tristan Tzara, escritor: "(Dada é) uma necessidade áspera sem disciplina ou moralidade e nós cuspimos na humanidade...Lógica é complicação...arte é uma pretensão..." No começo da década de 1920 surgiu o Surrealismo, influenciado pela Dada. Não promovia o interesse pela inovação formal, o que importava era a imaginação espontânea, não mediada pela razão. Outra atitude artística começava a surgir, cujos principais traços eram um renovado apreço por clareza, objetividade e ordem. Ela pôde ser observada em movimentos proeminentes, como o De Stijl, criado por um grupo de artistas concentrados nos países baixos, que promovia uma arte de pureza quase matemática, baseada em formas geométricas simples. Na cidade de Weimar, na Alemanha, surgiu o Bauhaus, em 1919, uma escola que reagia fortemente ao Expressionismo alemão, propondo uma abordagem coletiva à arte. Centrada em arquitetura e design, enfatizava as necessidades dos cidadãos modernos, usando materiais industriais. Focava a relação entre design e utilidade, decisões artísticas e funcionalidade. Um terceiro grupo estava centrado na França. Conhecidos como Os Puristas, proclamaram em sua revista mensal, L'Esprit nouveau, em 1920: "Há um novo espírito; é um espírito de construção e síntese, guiado por uma idéia clara". Também enfatizavam simplicidade, utilização de materiais industriais e sua importância no design. Esses movimentos inovadores, consistiam de artistas enfatizando o papel social e prático da arte. O pintor francês Fernand Léger, em um artigo de 1924 sobre a "Estética da máquina", diz: "se os objetivos dos monumentos de arquitetura precedentes eram a predominância do belo sobre o útil, é inegável que, na ordem mecânica, o objetivo dominante é utilidade, estritamente utilidade". Na música, essas novas tendências também ganhavam forma. Aparecia um desejo de evitar os excessos do pós-Romantismo do começo do século, carregado de subjetividade e sentimentalismo. As inovações radicais dos anos pré-Guerra criaram uma aura de instabilidade, dando lugar, após o caos da 1° Guerra Mundial, a uma busca por estabilidade. Como as outras artes, a música passou a ser vista mais objetivamente, mais como uma relação de materiais sonoros do que um veículo de transcendência. Essa nova visão fica evidente quando Sratinsky se refere a seu Octeto para Sopros, de 1923, como "Não uma obra emotiva, mas uma composição musical baseada em elementos objetivos que são suficientes em si". Mais tarde, em 1935, ele escreveria, em suas Chroniques de ma vie, o que pode ser considerado um dos argumentos que mais radicalmente expressou essa estética do pós-1° Guerra: "Considero a música, por sua própria natureza, essencialmente incapaz de expressar o que quer que seja, sentimentos,titudes mentais, estados psicológicos, fenômenos da natureza, etc (...) O fenômeno musical nos é dado com a única finalidade de estabelecer uma ordem nas coisas, inclusive e sobretudo na coordenação entre o homem e o tempo". Ao criar uma nova música, que pedia clareza, objetividade e ordem, os compositores olharam para um passado remoto, dos períodos barroco e clássico, e dialogaram com conceitos tradicionais desses princípios, dando origem ao Neoclassicismo, centrado na França. Faziam referência à Harmonia triádica, diatônica, às formas (sonatas, tema e variações, rondó...), contraponto, construção formal, precisão rítmica, dentre outros. Contudo, seria um equívoco dizer que após a Guerra a música simplesmente deu as costas às inovações técnicas e estilísticas do início do século XX e retornou à Mozart. Apesar da ênfase em centro tonal e lucidez de idéias, o sistema tonal tradicional não foi simplesmente ressuscitado. Novas abordagens à tonalidade foram desenvolvidas, incorporando o caráter dissonante da música do período pré-Guerra e criando novas técnicas, como a politonalidade e a justaposição de idéias. As referências à música do passado eram feitas sob um olhar de distanciamento. Após a revelação da atonalidade por Schoenberg, a Harmonia diatônica só poderia aparecer entre aspas; a escolha de uma tonalidade era um gesto anacrônico, carregado de força criativa e irônica.



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