FREDERICO CHOPIN - PARTE II
(Jose Augusto)
FREDERICO CHOPIN – PARTE II
Chopin, como dissemos, amava Maria Wodzinski, que, para ele, foi a inspiradora de numerosas composições, mas o pai da moça, homem soberbo e cheio de orgulho, opôs-se ao seu casamento e determinou o rompimento daquelas relações amistosas.
A felicidade de Chopin não duraram muito tempo; além disso, ao sofrimento moral, acrescentou-se o cansaço físico. As várias atividades de compositor, concertista e maestro requeriam uma têmpera e uma resistência física que o próprio Chopin, delicado por natureza, jamais possuíra. Cerca de 1838, foi acompanhado por fortes ataques, causados por uma doença pulmonar, e todos os seus amigos já desesperavam de que sua saúde pudesse restabelecer-se. Mas a escritora George Sand, que, afetuosamente, prodigalizava suas atenções ao jovem musicista, convenceu-o a mudar de ares. Partiram juntos para Palma de Maiorca. Nesta cidade, sua saúde não melhorou, mas, mandando vir seu piano, Frederico continuou a compor magníficas melodias, que, por alguns críticos, são consideradas as mais belas páginas de sua produção musical.
Este foi também um período muito feliz de sua existência. George Sand dele cuidava com desvelo: velava horas e horas, dia e noite, junto à sua cabeceira, conseguindo, maravilhosamente, incutir vida e calor àquele corpo jovem mas tão penosamente débil e cansado.
Chopin recordaria sempre, com suave saudade, o tempo transcorrido na Ilha de Maiorca e, ao falar naquelas belezas naturais, costumava afirmar que a sua tinha sido uma breve mas feliz permanência no reino dos deuses.
Numerosas foram, nesses anos, suas composições: os “Noturnos”, os “Prelúdios” e os “Improvisos”. Famoso o “Prelúdio da gota d’água” que Frederico compôs durante um violento temporal. Ele ficar sozinho em casa, porque George Sand saíra para um longo passeio pelos campos; os trovões e os raios lançavam uma inquietação sempre crescente na alma do moço, que começou a desesperar-se pela demora da amiga; ele sentou-se ao piano e, tocando, exprimiu em música seu sofrimento. Quando Sand regressou, Chopin desmaiou pela emoção. Ela sempre considerou doentio seu apego e talvez não soube compreender de todo a delicadeza de coração e a sensibilidade do artista, capaz de amar com uma incomum pureza de sentimento. Quando a saúde acenou a uma leve melhora, Chopin quis partir da ilha e voltar a Paris. Seguia-o sempre Sand, mas as relações entre o grande musicista e a escritora tornavam-se sempre mais tensas, até quando, em 1847, a amizade interrompeu-se definitivamente, pela divergência de idéias e pela evidente incompreensão que já havia entre ambos.
O afastamento da mulher, que, entre todas, tinha sido a mais amada por ele, determinou a queda da sua saúde, que, dia a dia, piorava, ao mesmo tempo que Chopin sentia sua veia musical diminuir.
Entre as suas composições, além das já citadas, devem ser lembradas as “Baladas” e os “Scherzi”, que possuem um ritmo claro, vivo, excitante. O gênero da balada é dominado por uma idéia central, que se desenvolve nas várias estrofes musicais, assim como as apresentavam, em poesia, os poetas românticos do Oitocentos. O scherzo é, ao invés, uma verdadeira sonata fantástica, que não conservou nenhum caráter do minueto.
Quando Chopin tocava, parecia que todo o teclado participasse dos seus sentimentos e exprimisse a pureza de um coração realmente sensível. Suas melodias são ricas de acordes e de infinitas nuanças; são composições livres, que sabem comover e purificar a alma dos ouvintes de qualquer época.
Sua música é expressão de bondade e serenidade, e ela revela a sensibilidade e delicadeza de alma do grande compositor polonês.
Cerca de 1848, Chopin retomou, com fervor, sua atividade: deu lições, efetuou alguns concertos em Paris e depois, convidado por numerosos amigos, resolveu ir a Londres. Recebido com caloroso entusiasmo, rodeado por contínuas atenções e pela devoção que Jane Stirling, fidelíssima aluna e admiradora, sempre lhe demonstrara, Frederico Chopin esforçou-se muito mais de quanto sua precária saúde lhe permitisse. Exibiu-se em público, participou de grandiosas recepções, foi apresentado à rainha Vitória, mas sempre recusou as numerosas ofertas para aceitar, o campo musical, importantes cargos, que seus admiradores, grandes personalidades do mundo artístico e aristocrático londrino, lhe ofereciam. Visitou a Escócia, foi a Edimburgo, a Manchester, a Glasgow, sempre realizando concertos por toda a parte, e, após alguns meses de ausência, retornou a Londres, onde organizou, antes de partir definitivamente para Paris, um festival de beneficência para os exilados poloneses, que viviam em tristíssimas condições.
O grande artista já estava liquidado, e ele mesmo reconhecia que, além de sentir-se bastante enfraquecido, fisicamente, não mais estava em condições de compor e quando, em inícios de 1849, encontrou-se de novo na capital francesa, a única coisa que pôde fazer foi lançar-se ao leito, na ilusão de que o repouso absoluto e a boa estação influíssem benevolamente, em suas forças. Não lhe era mais possível dar lições, o trabalha de composição fatigava-o demasiado e, como se tudo isso não bastasse, debatia-se em dolorosas condições financeiras.
Quando a enfermidade se agravou, posteriormente, Chopin enviou uma carta à irmã, rogando-lhe que fosse a Paris. Ela acorreu logo para junto do irmão, ao qual sempre ficara afeiçoada, e assistiu-o até à morte, ocorrida em 17 de outubro de 1849. Frederico Chopin foi sepultado no cemitério do Père Lachaise, entre os túmulos de Cherubini e Bellini, mas, por seu próprio desejo, seu coração foi levado para Varsóvia, a uma igreja da cidade, e, agora, uma lápide votiva e um pequeno busto indicam o lugar onde ele foi colocado.
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