OS BRILHANTES DO BRASILEIRO
(CAMILO CASTELO BRANCO)
Introdução Este romance foi escrito e publicado em 1869, focando a primeira metade do século XIX. À semelhança do que se passou no século XX, muitos portugueses imigraram nesta época para o Brasil, à procura de melhores condições de vida. Alguns tiveram êxito; quando regressaram a Portugal com um padrão de vida diferente dos seus compatriotas, foram apelidados de “brasileiros” e olhados com um misto de inveja e respeito.Para entender a atmosfera em que a história se desenrola, tem que se ter a noção da dificuldade de relacionamento entre uma nobreza arruinada mas ciosa dos pergaminhos de família, e a burguesia endinheirada proveniente da plebe, de que o “brasileiro” é um exemplo. Tenha – se também em conta a existência da plebe pobre, absolutamente desprezada.A trama gira à volta duma jovem fidalga que se enamora por um plebeu pobre. A fidalga é Ângela de Noronha Barbosa, filha do general Simão de Noronha Barbosa. O plebeu é Francisco José da Costa, cunhado dum merceeiro. Mercê de várias peripécias, foi obrigada a casar com um “brasileiro” (Hermenegildo Fialho Barrosas). O drama acontece quando ela vende os brilhantes oferecidos pelo noivo como prenda de noivado, para custear o curso de medicina ao homem que ama.O relato de amores contrariados serve de pano de fundo para criticar a classe dos “brasileiros”.Em sintonia com o seu tempo, Camilo reflecte a rigidez dos padrões sociais da época. E contudo, Camilo foi um “transgressor” quando desafiou a opinião pública, pouco receptiva a amores como os que ele manteve com Ana Plácido. Também esta era casada com um “brasileiro”, Manuel Pinheiro Alves.A históriaApós a evocação dos antecedentes familiares e históricos dos protagonistas, a história gira à volta da venda dos brilhantes que o “brasileiro” ofereceu como prenda de noivado a Ângela.A reacção do marido à venda dos brilhantes, levou ao desfazer do casamento, por suspeita de traição e adultério. Hermenegildo volta ao Brasil. Como era habitual quando estava em causa a “honra” feminina, Ângela quase que foi novamente enclausurada em convento, como lhe tinha já acontecido antes por reacção da família ao relacionamento com Francisco Costa.Por outro lado, o vínculo entre Ângela e o pai, o General Simão de Noronha, estava há muito quebrado. O General considerava a filha como “morta”, recusando qualquer contacto e deserdando - a.Entretanto, Francisco Costa formou – se em Medicina; foi para o Brasil onde ganhou fama; chamado por Hermenegildo, tratou de antiga doença do fígado, da qual havia de morrer algum tempo depois.Regressado a Portugal, encontrou Ângela. Casam no Porto, donde se afastam por causa da rejeição social. Ângela era considerada adúltera.Nessa altura, já o General era muito idoso. Vivia amargurado com o passado, agravado com a cegueira que o atormentava.Teve conhecimento através dum familiar da existência dum famoso cirurgião, que não era senão Francisco Costa, que se dispôs a operá – lo.Recuperou a visão, reencontrou a filha e aceitou o genro.Fê – la condessa e tornou – a sua herdeira.ConclusãoPara além da crítica aos “brasileiros” na pessoa de Hermenegildo e dos traços autobiográficos, por exemplo do próprio Camilo ter sido estudante de Medicina tal como Francisco Costa, ressaltam elementos recorrentes no universo camiliano: as diferenças de classes, a reclusão em convento, os amores contrariados.
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