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O arroz da minha vida O meu avô paterno foi um dos grandes industriais de arroz do Baixo-Mondego. Além de produtor, fundou uma industria de descasque de arroz que foi depois continuada pelo meu pai e, hoje, também pelo meu irmão. É uma pequena empresa que se debate hoje com a concorrência desmedida dos grandes grupos e que só existe ainda (penso eu) por ser a razão de viver do meu pai. A importância do arroz na minha vida não passa, por isso mesmo, apenas pela mesa. Habituei-me (com os meus irmãos) a viver os problemas relacionados com a empresa familiar das mais diversas maneiras, alegrias, cansaços, divertimentos, rotinas, stress, zangas e muito mais, tocavam sempre de uma forma ou outra o arroz. Em setembro, tempo das colheitas, quase não víamos o nosso pai mas sentíamos os seus problemas. Começava a roda-viva das colheitas, com a esperança sempre presente de que não chovesse até ao final, pois isso significaria um sem-número de outras dificuldades. Enquanto pequenos, íamos passar o mês de setembro a Maiorca, a casa dos meus avós e, no fundo, crescíamos com o arroz. Brincavamos nos sacos amontoados no celeiro, saltando de pilha em pilha, iamos conversar com as mulheres que remendavam os sacos, enterrávamo-nos em montes de arroz ainda por descascar, saltavamos e rebolávamos por cima dele, na eira ou no celeiro, andávamos de trator, íamos até ao campo ver a ceifeira a trabalhar e sentíamos na pele a comichão que o pó do arroz provocava. Lembro-me do meu avô, muito direito, careca e sempre com o seu chapéu, a sair para o campo no fiat 1100. Eu ia poucas vezes com ele ou com o meu pai. Não era sitio para meninas, estar junto dos trabalhadores. O meu irmão e o meu primo, sim, esses iam muitas vezes e deixavam-me roída de inveja até porque os deixavam conduzir o trator. Na adolescência, corremos aqueles campos todos de biciclete, descobrimos grutas, andámos de barco, sonhámos o futuro e vivemos uma adolescência feliz e despreocupada. Por todas essas razões, e muitas outras que ficam por dizer, resolvi começar este blog. Não tem grandes pretensões mas reúne alguma informação que fui encontrando sobre o arroz. Do cultivo à arte, em Portugal ou outro qualquer país, em fotografias, texto ou filme, real ou imaginário, pagão ou religioso e incluindo algumas receitas.. de tudo um pouco à medida que o fui descobrindo.
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