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Psicologia da Saúde:a estruturação de um novo campo de saber
(Mary Jane Paris Spink)

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Psicologia da Saúde: A estruturação de um novo campo de saber.


Os aspectos psicológicos saúde/doença vêm sendo discutido e os psicólogos vêm marcando presença na área de saúde mental. A psicologia, que está relacionada com o conceito de saúde (OMS) e como disciplina, chegou tardiamente na área da saúde. Ainda se busca definir seu campo de atuação, sua contribuição teórica efetiva e as formações de incorporação do biológico e do social ao fator psicológico.
Até pouco tempo, o seu campo de atuação se fazia em duas dimensões:
1º - a atividade exercida como profissional liberal, em consultórios particulares, restritas a uma clientela derivada das classes mais abastadas, ainda não inserida no contexto dos serviços da saúde.
2º - a atividade exercida em hospital e ambulatórios de saúde mental estava subordinada aos paradigmas da Psiquiatria sendo desenvolvida dentro do enfoque, de internação e medicação.
Segundo a autora, havia várias formas alternativas de inserção. Na área clinica, o trabalho desenvolvido por algumas clinicas-escola junto a comunidades, segmento menos privilegiado da população possibilitou uma reflexão sobre o conceito de saúde mental e a contribuição potencial da Psicologia. Nos demais serviços de saúde, com participação incipiente, o trabalho conjunto com o médico e outros profissionais em hospitais e consultórios permitiu aperfeiçoar técnicas de diagnósticos e intervenção.
Alguns dados podem comprovar a ampliação do papel do psicólogo na área da saúde e a conseqüente ampliação de seu objeto de estudo e intervenção. Como por exemplo, o crescente interesse pela saúde, a multiplicação de revistas especializadas; a formação de divisões de Psicologia da Saúde em associações de Psicologia Nacionais e estrangeiras; a organização de congressos específicos; e o aumento bastante visível da participação de psicólogos nos serviços de saúde, seja no nível do atendimento direto a paciente ou, como psicólogos sociais, nas atividades de docência e pesquisa. Entretanto, o que está em pauta é a constituição da Psicologia da Saúde como novo campo do saber e, não se constrói uma disciplina apenas através do relato das praticas a ela associadas.
Examinado as bases existentes para o desenvolvimento de um marco teórico adequado à Psicologia da Saúde constatam-se três problemas:
1º - o predomínio do modelo psicodinâmico no ensino da Psicologia no nível da graduação, com ênfase nas aplicações clinicas na área da saúde mental e total ausência das temáticas relacionadas à saúde pública.
2º - a predominância dos enfoques em que o individuo é tratado desvinculado de seu contexto social.
3º - a hegemonia do modelo médico na definição do objeto de investigação e a ausência de paradigmas verdadeiramente psicológica para o estudo do processo saúde-doença. O modelo médico está embasado no paradigma da medicina cientifica, na qual o comportamento do paciente é avaliado em função de sua adequação ao saber médico oficial. Se o paciente não segue o tratamento proposto, seu comportamento será definido como rebelde ou, pior, como ignorante.
Em síntese, a formação recebida nos cursos de graduação e a forma de inserção do psicólogo no setor saúde pouco contribui para a compreensão das formas e das dinâmicas da pratica médica e da organização dos serviços de saúde. Sem essa compreensão, será difícil situar corretamente a contribuição da Psicologia na explicação e/ou intervenção no processo saúde/doença.
O momento vivenciado atualmente no processo de constituição da Psicologia da Saúde é, talvez, mais bem apreendido quando equacionado à constituição da Medicina Social como campo de saber. Fruto da crise da Medicina Oficial nos anos pós-guerra e da constatação de que seria preciso formar um profissional mais compatível com a situação de saúde vigente nos paises de terceiro mundo, a Medicina Social foi introduzida na América Latina a partir dos anos 50 através dos reforços conjugados da Organização Pan-americana e da Fundação Milbank.
Buscando sintetizar algumas das principais dimensões a serem incorporadas na busca de um embasamento mais globalizante para a Psicologia da Saúde e tendo como objetivo central a explicação do processo saúde/doença às diferentes abordagens subsumem três dimensões: o saber oficial, o saber popular (ou senso comum) e a sociedade.
O eixo central dessas linhas de investigação pertinentes à explicação do processo saúde/doença é o processo saúde/doença, ou seja, as representações que predominam em uma determinada época – veiculadas, ou não, pelo saber oficial. As representações são formas de conhecimento social que orientam a ação, individual ou institucional, para a prevenção da doença e a promoção ou recuperação da saúde. Sendo criações individuais na interface do saber oficial e dos processos sociais, constituem uma esfera privilegiada para a Psicologia da Saúde, dado que possibilitou desvendar certas dimensões cruciais para a compreensão do processo saúde/doença. Dentre essas dimensões destacaremos três:
1º - a compreensão da doença como fenômeno coletivo, ou seja, privilegiando o discurso de uma dada sociedade sobre as enfermidades e os enfermos.
2º - a construção do saber leigo, ou seja, os modelos explicativos que embasam as diferentes interpretações das doenças e a busca de alternativas terapêuticas.
3º - a interface sobre o saber oficial – mediado pela constituição do campo da pratica médica e das constituições médicas – e a representação da doença prevalente em determinadas épocas e/ou grupos.
Essa linha de investigação pertinente à explicação do processo saúde/doença permite, portanto, visualizar a amplitude dos temas possíveis e o trabalho que nos espera na consolidação dos marcos teóricos da Psicologia da Saúde. Permite, sobretudo, perceber a necessidade de superar os enfoques intra-individuais prevalecentes até recentemente, e adotar uma perspectiva mais globalizante e dinâmica que possibilite entender a saúde/doeça como processo histórico e multideterminado.



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