BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Senhora
(Jose de Alencar)

Publicidade
A partir da Revolução Francesa de 1789, o movimento romântico ganhou proporções revolucionárias, representando, ambos, os anseios da classe burguesa. Surge nova linguagem e visão de mundo, identificada com os padrões simples de vida da burguesia. Os românticos passam a defender a união do grotesco e do sublime, assim como são as coisas na vida real. Ao mesmo tempo, distorcem a realidade que, antes de ser exposta, passa pelo crivo da emoção.
O Romantismo nasce no Brasil poucos anos depois de sua independência política. Este acontecimento, somado as influências liberais inglesas e francesas, desperta na consciência de intelectuais e artistas nacionais a necessidade de criar uma cultura brasileira. “Assim, podemos entender que a criação de uma literatura nacional pelos românticos supunha uma organização da inteligência nacional, por um modo que aproveitasse a todos os brasileiros” (Amora; 1994). O anticolonialismo, o liberalismo, o nacionalismo e o sentimento heróico nativista, forneceram as bases ideológicas para o desenvolvimento de uma Estética Romântica Brasileira.
Na literatura romântica, há uma proximidade maior entre a obra e a realidade. Alguns romances prendem-se apenas a um fio tênue de verossimilhança literária, porém, há outros que se aproximam mais da narrativa realista.
A fim de explicar estes modos de organização, o crítico Frye Forthrop analisou os diferentes níveis de proximidade de alguns romances com a realidade. Em sua obra “Anatomia da Crítica”, Forthrop dividiu os romances em três tendências básicas. A primeira é o mito não modificado pela realidade; na segunda tendência (romanesca) os padrões míticos são implícitos num mundo mais estreitamente associado com a experiência humana; a terceira tendência é a realista, e constitui o ponto máximo de adequação dos arquétipos às regras da verossimilhança. O romance “Senhora”, de José de Alencar, está voltado à segunda tendência. De um lado está a linguagem metafórica, que cria um mundo de sonho: “Os seus diálogos denotam tendência para idealizar. As cenas mundanas, as conversas parecem ter poucas raízes na realidade de cada dia” (Cândido; 1964). Já na primeira linha encontramos vários símbolos: “Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela”. O autor apresenta Aurélia como um ser encantado e majestoso: “flor em vaso de alabastro” (p. 13), “cercada de adoradores, no meio das esplêndidas reverberações de sua beleza (...) da adoração produzida por sua formosura, e do culto que lhe rendiam” (p. 14). No desenvolvimento da história, temos a falsa impressão de que o autor merece o crédito de narrador realista. Isto ocorre pois Alencar promove um choque entre o mundo do amor idealizado, e o mundo da experiência decepcionante. É o processo da “distorção idealizante que, ressalvadas as proporções, afetara também o ciclo parisiense de Balzac, um dos modelos do Alencar urbano” (Bosi, 1991). Mesmo rebaixando seu herói, “Alencar se esforçou para pintá-lo de forma simpática, a fim de que o leitor não o considerasse apenas um vil mercenário” (Magalhães Júnior, 1977).
Não é possível ler “Senhora” como uma narrativa apegada à fidelidade descritiva do real pois, se num primeiro momento o autor lança seu herói à cruel realidade, vendendo-o a uma esposa milionária, em seguida ele o resgata. “O processo de interação entre as pessoas acaba por superar todas as barreiras externas, como se o amor pudesse rasgar todas as máscaras impostas pelos estereótipos e por uma vida artificial” (Leite; s/d). Por fim, Alencar coloca Aurélia e Seixas na cama nupcial, onde, como pediram os leitores da época, se consuma o amor conjugal. “O seu idealismo artístico levou-o a atenuar o mais possível as conseqüências do conflito” (Cândido; 1964). Dessa forma, o autor fecha os olhos ao realismo satisfazendo a estética romântica.

Bibliografia



ALENCAR, José de. Senhora. São Paulo: Editora Ática, 1986

AMORA, Antônio Soares. Antologia de Poesia Brasileira – Romantismo. São Paulo: Ática, 1994.

BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Edusp, 1991.

CÂNDIDO, Antônio. Formação da Literatura Brasileira. 2º vol. (4ª ed.). Livraria Martins Editora, 1964.

FRYE, Northrop. Anatomia da Crítica. São Paulo: Ed.Cultrix, 1973

LEITE, Dante Moreira. Psicologia e Literatura. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, s/d.

MAGALHÃES JÚNIOR, Raimundo. José de Alencar e sua época (2. ed.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S.A.; Brasília: INL, 1977.



Resumos Relacionados


- José De Alencar: Vida E Obra

- O Romantismo No Brasil

- O Romantismo No Brasil

- Araripe Júnior - Vida E Obra

- LucÍola



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia